O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Barêtta, afirmou em entrevista à imprensa na manhã desta segunda-feira (14), que o exame de microcomparação balística que apontará quem foi o autor do disparo que matou Débora Vitória Gomes Soares Batista, de 6 anos, durante um assalto na noite da última sexta-feira (11), no bairro Ilhotas, deve sair no prazo de 10 dias.
Barêtta explicou que tanto os criminosos quanto um policial que foi apontado pela mãe da criança como autor do disparo, estavam armados, por isso será necessária a realização de exames de microcomparação balística e eficiência de tiro para apontar de qual arma saiu o disparo que matou Débora. O resultado desses exames deve sair em até 10 dias.
“Nós já comparecemos ao local, fizemos o exame de local, depois a entrevista com a mãe, demais pessoas e agora os procedimentos estão andando, inclusive com o exame de microcomparação balística para comprovar de onde saiu aquele projétil de arma de fogo. Pois há uma versão que um policial militar apareceu no local com a intenção de tirar os bandidos de combate e acabou fazendo disparo. Mas não se sabe se o tiro que matou a menina Débora é da arma do policial ou da arma do bandido que estava praticando o crime. Eles [dois criminosos] estavam armados. Foi apreendido um simulacro de arma de fogo e uma arma de fabricação caseira que possuía um projétil de calibre 38. Mas quem vai dizer a eficiência dessa arma é o Instituto de Criminalística, com o exame de eficiência balística”, explicou Barêtta.
O diretor do DHPP ressaltou que o policial acusado pela mãe de atirar contra a criança já foi identificado e se for comprovado que ele é o responsável pela morte da pequena Débora, as medidas cabíveis serão tomadas.
“O policial está devidamente identificado, bem como as pessoas serão ouvidas. Tudo será dirimido. Essa dúvida será dirimida na andança do inquérito policial. Hoje já tem pessoas para serem ouvidas. Tem as peças de exame que vão comprovar quem atirou, mas também tem a harmonia dos depoimentos que serão ouvidos”, finalizou o delegado Barêtta.
O crime
A pequena Débora morreu e sua mãe ficou ferida após as duas serem baleadas durante um assalto na noite dessa sexta-feira (11). Segundo as informações repassadas ao GP1 pela Guarda Civil Municipal, o crime ocorreu no momento em que mãe e filha chegavam em casa em uma motocicleta, quando foram abordadas por dois criminosos.
Um policial ainda não identificado reagiu a investida dos criminosos e então, iniciou-se uma troca de tiros com os assaltantes. Em meio ao tiroteio, é que mãe e filha foram baleadas.
Um vizinho levou as duas ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), no entanto, a criança acabou não resistindo e já chegou sem vida na unidade de saúde.
Prisão dos acusados
Na mesma noite em que ocorreu o fato, os dois criminosos envolvidos foram presos pela Força Tarefa da Secretaria de Segurança Pública, por volta das 21h. Mais tarde, às 22h30 o segundo envolvido no latrocínio, o homem identificado apenas como Clemilton, foi preso na mesma área onde ocorreu o assassinato da criança, após intensa buscas policiais que duraram cerca de 3 horas e meia.
Mãe da criança afirma que policial matou sua filha
Nesse domingo (13), Dayane Gomes quebrou o silêncio sobre o ocorrido e, durante uma entrevista exclusiva com o GP1, afirmou que o tiro que matou sua filha saiu da arma de um tenente da Polícia Militar do Piauí, vizinho da família, que presenciou o assalto e reagiu contra os bandidos.
“O assaltante disse assim, quando ele viu que [o policial] estava com a arma, ‘não atira que eu não vou atirar’ e ele [policial] já veio atirando. Na hora que ele atirou, o primeiro tiro pegou na minha filha. A bala saiu da arma dele [do policial], eu pedi pelo amor de Deus para ele não atirar e ele atirou novamente. Ele atirou por três vezes na gente. O primeiro tiro foi dele, pegou nas costelas da minha filha e atravessou para o outro lado”, explicou a mãe.
A mãe da menina de 6 anos assassinada revelou ainda que policial, que é vizinho dela, bebe frequentemente e que durante o episódio fatídico ele estava bêbado. “Ele bebe todos os dias na porta, ele fica com a arma na cintura todo o tempo. Ele poderia muito bem ter esperado o bandido sair porque ele ia passar por ele, mas ele quis vir se mostrar. Acho que ele queira sair como um herói e acabou matando minha filha”, declarou Dayane Gomes.
Dayane ainda contou que após entrar na sua casa, com a filha baleada, o tiroteio continuou entre os dois e que logo em seguida seu vizinho entrou desnorteado, momento em que ela o acusou de ter matado a filha. “Eu desci da moto, mesmo atingida, porque quando ele começou a atirar o bandido atirou também. A bala do bandido pegou em mim. Depois que começou a atirar, eu entrei correndo para dento de casa e sentei no sofá com ela sangrando, derramando muito sangue. Quando parou o tiroteio ele entrou em casa e eu disse ‘foi tu maldito que matou minha filha’ e ele só fez virar as costas para mim e saiu correndo. Só isso”, disse.
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