O cabo André dos Santos, da Polícia Militar do Estado do Piauí, envolvido na perseguição policial que terminou com um funcionário de um comércio morto na noite da última terça-feira (28), na Santa Maria da Codipi, zona norte de Teresina, se apresentou na corregedoria da PM na manhã desta quinta-feira (30) para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido que vitimou Cândido Constâncio de Souza Filho.
O advogado Marcos Vinicius, que representa a defesa do cabo André, concedeu entrevista para a imprensa nesta manhã e afirmou que ainda não se sabe de onde saiu o disparo que atingiu a vítima. Ele explicou que, segundo o cabo da PM, houve troca de tiros entre os dois suspeitos de assaltos e a equipe policial, formada pelo cabo André dos Santos e pelo soldado Gilderlan Pereira da Silva, além de um outro soldado à paisana, que não foi identificado.
“Houve troca de tiros. O cabo confessa que efetuou um único disparo, mas sabemos que esse tipo de coisa gera uma tensão muito grande, ele não sabe quantos disparos o colega dele fez, nem sobre outro soldado que estava à paisana, pois havia outro soldado. Ainda não se sabe [de onde partiu o disparo que atingiu a vítima], nós vamos descobrir”, declarou.
Histórico da ocorrência
Segundo o advogado, o cabo estava de plantão na noite do ocorrido quando recebeu o chamado para atender a ocorrência de dois suspeitos que tinham roubado um celular e estavam em uma moto Pop 100, branca. Ao visualizar os indivíduos, os policiais realizaram a abordagem e os suspeitos ainda tentaram fugir, mas foram contidos.
“No primeiro momento da abordagem, eles não encontraram o celular, mas ao vistoriar as imediações, eles encontraram o celular que foi roubado. Então o cabo, que era o comandante da patrulha, deu voz de prisão a eles. O soldado Gilderlan foi algemar os dois e quando o soldado se abaixou para algemar os suspeitos, um deles tentou pegar a arma do Gilderlan, travou luta corporal, derrubou o Gilderlan, pegou um revólver e disparou contra a guarnição, o cabo efetuou o disparo e ele não sabe quantos disparos o Gilderlan fez”, declarou o advogado.
Suspeitos estavam com arma escondida
Marcos Vinícius pontuou que os suspeitos estavam com uma arma escondida próxima ao local em que foram abordados. “Essa arma estava debaixo de uma grama, eles tinham colocado tanto o celular quanto a arma debaixo de uma grama, tanto é que no primeiro momento os policiais não acham o celular, depois que eles encostaram na parede é que ele, cabo, começa uma busca e encontra o celular roubado”.
Marcos Vinicius ressaltou que os bandidos conseguiram escapar e durante a fuga efetuaram três disparos de arma de fogo. De acordo com o advogado, o cabo André efetuou um único tiro, mas ressaltou que ainda não dá para saber qual tiro atingiu o funcionário do comércio.
“Houve troca de tiros. O cabo confessa que efetuou um único disparo, mas você sabe que esse tipo de coisa gera uma tensão muito grande, ele não sabe quantos disparos o colega dele fez, nem sobre o outro soldado que estava à paisana, pois havia outro soldado também, foram três PMs envolvidos. Foram três disparos dos criminosos, eles correm disparando. Isso ocorreu em uma rua escura e no depoimento eles [policiais] não perceberam ninguém na rua, não havia ninguém. Ele [cabo André dos Santos] acha que as pessoas saíram do bar justamente porque perceberam a movimentação policial”, pontuou.
Não houve abandono de posto, diz advogado
“Os policiais não se evadiram, eles foram ao 13º Batalhão e se apresentaram ao comandante deles. É uma inverdade dizer que os policiais se evadiram do local, pelo contrário, o outro soldado ficou tentando reanimar a vítima, pois quando eles retornam, eles não conseguem prender o elemento que se evadiu, eles percebem a movimentação, se dirigem até a pessoa, o soldado tenta reanimar, o André liga para o Copom, liga para a Major Elizete, liga para o comandante dele, liga para o CPU, pede apoio e não houve evasão em nenhum momento”, finalizou.
O que diz a defesa do soldado Gilderlan Pereira da Silva
A advogada Enedina Albano informou que ainda não é possível afirmar se o disparo de arma de fogo partiu da arma do policial. “Estamos em um cenário bem genérico da situação, mas diante mão, não temos ainda um cenário completo, não podemos afirmar se houve um disparo de arma de fogo por parte dele, ou do companheiro, ou de outras pessoas que estiveram lá no local também. Esse cenário ainda eu não consigo descrever com perfeição”, afirmou a advogada.
De acordo com Enedina Albano, os policiais fizeram a abordagem seguindo todos os procedimentos recomendados. “Houve um disparo, houve disparo também por parte do suposto criminoso que estava ali cometendo esse crime que os policiais estavam apurando. Os policiais estavam apurando um suposto crime de roubo que ocorrera naquela região naquele momento. Houve ali alguns disparos de arma de fogo, houve disparo por parte dele, mas não soubemos precisar se foi o disparo dele que atingiu a vítima. Eles, muito bem treinados, fizeram a abordagem, os procedimentos necessários, obedecendo tudo. Se houve esse procedimento ali realizado é porque existiam todas as circunstâncias que cabiam ali naquele momento”, ressaltou.
A advogada disse ainda que os policiais estão tranquilos e defende que eles respondam ao processo em liberdade. “Tendo em vista que não se sabe se os disparos partiram daqueles dois policiais, tendo em vista os procedimentos que foram realizados, então precisa ser apurado para depois a gente imputar uma culpa a quem quer que seja. Eles estão tranquilos, pois fizeram os procedimentos que eram de praxe, com total comprometimento. Estão tranquilos, cientes, bem colaborativos, mas estão esperando as coisas serem esclarecidas”, completou a advogada Enedina Albano.
Entenda o caso
Um tiroteio deixou um homem identificado como Cândido Constâncio de Souza Filho, 41 anos, morto na noite dessa terça-feira (28), por volta de 20h30, nas proximidades do Residencial Dilma Rousseff, região da Santa Maria da Codipi, zona norte de Teresina. A vítima trabalhava em um comércio na região, quando foi atingida com uma bala perdida, depois que um suspeito de roubo empreendeu fuga da PM.
Conforme a major Elizete, comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar, a pessoa que morreu não tinha envolvimento com a vida do crime. “Nós estávamos completando 52 dias sem homicídios na Santa Maria da Codipi, mas, infelizmente, ontem houve um homicídio na região. Um cidadão que não tinha envolvimento com crimes foi atingido com um disparo de arma de fogo durante uma ocorrência policial”, informou a major.
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