A CPI do Transporte Público de Teresina ouviu na manhã desta quinta-feira (24) o dono da empresa Timon City, que faz o transporte intermunicipal, Ramon Alves, o representante do Consórcio Operacional SITT, Alberlan Euclides Sousa e o representante do Setut, Marcelino Lopes. A sessão foi presidida pelo vereador Dudu.
O primeiro a ser ouvido, como convidado, foi o empresário Ramon Alves, que afirmou que a culpa dos problemas no transporte público de Teresina é dos empresários e do poder público. “Os culpados são as empresas e o poder público. Em Teresina existia blindagem do transporte público, o que prejudicou os usuários, pois com essa reserva de mercado, criada hoje, pelos consórcios de Teresina prejudicou muito o sistema de transporte”, afirmou.
“Se hoje há um colapso no sistema de transporte público é proveniente da secretaria fiscalizadora e do próprio empresário que fazia com que houvesse a evasão do usuário através de seus ‘coiotes’, ou seja, para a prefeitura os ônibus faziam o transporte de R$ 7 milhões de passageiros mês quando, na realidade, não transportava nem 30% e isso só veio à tona agora com a pandemia quando os empresários fecharam suas portas e deixaram de comprar vale transporte”, explicou o empresário Ramon Alves.
Segundo Ramon Alves, os veículos que fazem o transporte alternativo chegaram a transportar mais pessoas do que os ônibus. “Chegou ao ponto do transporte alternativo transportar mais gente do que o próprio convencional”, declarou.
“A saída é reinventar, o transporte tem que se reinventar e reconquistar o usuário porque hoje com outros tipos de transporte como por exemplo, os motoristas de aplicativos, vai ser difícil esse retorno”, destacou Ramon.
Outra solução apresentada pelo empresário Ramon Alves é que a bilhetagem eletrônica passasse a ser feita pelo poder público, além de uma tarifa flutuante que teria que ser recalculada a cada trimestre por conta da oscilação nos preços do diesel, pneus e dos insumos que são usados no transporte público.
Diminuir essa porcentagem que o Setut ganha entre 4 a 8%, hoje a melhor empresa que existe no Piauí é o Setut, ela arrecada quase meio meilhão de reais com pouco funcionário, sem muita despesa, é muito bom, mas quem paga isso é o usuário
Consórcio SITT
O empresário Alberlan Euclides explicou que o dinheiro recebido pelas empresas é gerido pelo Setut e não pelo SITT. “O SITT delegou poderes financeiros ao Setut, o dinheiro cai na conta do SITT que foi criada pela prefeitura, depois disso vai para o Setut fazer a distribuição para as empresas porque o Setut tem técnicos financeiros responsáveis por fazer os cálculos, esses cálculos são muito complexos porque eles compreendem centenas e centenas de detalhes”, argumentou.
Sobre a fala do empresário Ramon Alves sobre a blindagem no sistema de transporte, Alberlan disse que ele não quis participar da licitação na época que foi realizada. “Era só ele ter participado da licitação que ele participaria do sistema, na época não quis, agora para entrar depois que é licitado o sistema é difícil mesmo, ninguém cede, isso é um fato”, declarou.
O Consórcio Operacional SITT foi criado após a licitação para representar todos os consórcios das empresas de transporte.
Setut
Para Marcelino Lopes, o maior problema que as empresas encontram hoje é a redução no número de passageiros, o que se agravou com a pandemia da covid-19. “O maior problema hoje se resume a demanda de passageiro que é muito pequena, também não tem o tratamento que deve ter como vias exclusivas, faixas exclusivas, o preço do óleo diesel com desoneração como tem em outros setores e o transporte de massa, pelo menos em Teresina, não tem nenhum tipo de desoneração porque o objetivo disso é tarifa mais baixa que resulta em oferta melhor de serviço a um custo mais em conta para população, basicamente, a demanda de passageiros é pequena demais, depois da pandemia chegou a cair 95%”, destacou o empresário.
“Todo o Brasil está financiando, subsidiando de alguma forma o transporte público porque teve uma queda assustadora. Então, o maior problema hoje é a falta de passageiro aliada à falta de comunicação entre operadores e poder público que não conseguiu ainda justificar para nós porque não repassa o subsídio”, completou Marcelino Lopes.
Membro da CPI
O vereador Enzo Samuel, que faz parte da CPI, disse que os próximos que serão ouvidos são os representantes da Strans. “Estamos terminando uma etapa da CPI, já escutamos praticamente todos os empresários, escutamos ex-procuradores e procuradores atuais do município, escutamos o SITT, o SETUT e vamos ouvir ainda a STRANS”, contou.
“Terminada essa etapa vamos analisar as documentações que temos, todos os dados, depoimentos para que a gente possa, quem sabe, dar início ao relatório e se necessário for chamar novamente as pessoas que já prestaram depoimento ou novas pessoas para que no final a gente possa elaborar um relatório coeso e que possa opinar no sentido de ajudar na solução do transporte da capital”, completou o vereador Enzo Samuel.
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