A família de José Carlos Pereira de Amorim, de 68 anos, que faleceu na madrugada desta sexta-feira (19) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Promorar em decorrência da covid-19, está enfrentando um sofrimento dobrado, já que os familiares não conseguem um cemitério para enterrar o ente querido. A situação reflete o colapso tanto na área da saúde quanto no sistema funerário de Teresina.
No hospital foram feitos dois testes, que confirmaram que a vítima estava com covid-19. Ele iria ser transferido para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), porém à noite sua esposa, Ana do Rosário, de 53 anos, foi informada que seu marido não tinha sido transferido e estava muito mal. Ele não resistiu à doença e às 6h da manhã ela foi informada sobre a morte do companheiro. O óbito ocorreu às 4h da madrugada.
"Fui até a sala e fiquei um bom pedaço com ele na cama. Ele com falta de ar já se acabando, peguei na mão dele fiquei um bom pedaço de tempo com ele na sala, aí saí e a médica me mandou ir para casa. Deu 6h da manhã e ela me ligou, quando eu cheguei no hospital, ela disse que ele descansou", contou.
Quando Ana Rosário foi em busca de uma vaga para enterrar o falecido marido no Cemitério Público Santa Cruz, no bairro Promorar, ela foi surpreendida pela notícia de que não havia vagas gratuitas, apenas dando R$ 1.800 para a construção do jazigo.
"Fui lá no Cemitério Santa Cruz, quando chegou lá a senhora disse que tinha que fazer o gavetão, porque era covid. Não tinha vaga de graça, aí depois ela disse que tinha vaga, mas tinha que dar R$ 800 de entrada, e com 15 dias R$ 1.000 mil. Se nem com uma semana com bico não consegue os R$ 800, imagine R$ 1.000 mil dentro de 15 dias", revelou Dona Ana.
Ana Rosário disse ainda que se não tem condições de pagar o valor que está sendo cobrado e que se não conseguir uma vaga em um cemitério público, enterrará o seu marido no quintal de casa.
Outro lado
Procurada pelo GP1, a Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas Sul informou que nenhum valor é cobrado pela Prefeitura de Teresina e sim pelas empresas particulares responsáveis pela construção das gavetas.
Confira a nota na íntegra:
A Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas Sul, através da Gerência de Serviços Urbanos, informa que o valor de R$1600 não é cobrado pela Prefeitura Municipal de Teresina e sim pelas empresas particulares responsáveis pela construção das gavetas.
Esse valor é referente a construção de duas gavetas que, por conta da falta de espaço no cemitério, é a quantidade recomendada à família da vítima. Entretanto, quando a família não possui condições financeira abre-se um precedente para a construção de uma única gaveta no valor de R$800.
É importante ressaltar que existe uma determinação em que as vítimas de covid-19 devem ser enterradas em gavetas, pois além de proporcionar mais segurança elas ampliam o espaço de vagas no cemitério.
E por fim informamos que única cobrança feita pela SAAD Sul é a taxa de perpetuidade que deve ser renovada a cada 5 anos.
Nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos acerca desse assunto, sempre primando pela excelência de nossos serviços.
Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas Sul
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