A delegada Nayana Paz, da Delegacia Especializada em Feminicídio, concedeu entrevista ao GP1 na manhã desta terça-feira (23) e falou sobre o caso da jovem Conceição de Maria Santos, de 29 anos, que estava grávida de 4 meses e perdeu o bebê na Maternidade Dona Evangelina Rosa, após sofrer um surto psicótico e ser encontrada com lesões pelo corpo, no dia 31 de outubro.
De acordo com a delegada, as investigações descartaram a hipótese de que ela tenha sido agredida no dia em que foi internada. Nayana Paz ressaltou que imagens de câmeras de segurança comprovaram que as lesões ocorreram por conta dos surtos psicóticos da jovem.
“Nós já fizemos a oitiva de várias testemunhas, de pessoas que tinham relação de intimidade com a Conceição e a partir de toda essa investigação nós verificamos que no dia 31 de outubro, quando a Conceição deu entrada na maternidade, ela não havia sofrido nenhuma agressão nesse dia. O que aconteceu nesse dia foi que ela sofreu um surto, teve alucinações, uma série de descontroles e que, inclusive, por imagens de um circuito de câmeras, é possível visualizar que ela esteve nessa condição de 16h30 até 19h30”, disse a delegada.
A jovem foi socorrida após vizinhos acionarem a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que fez os primeiros socorros e a encaminhou para a Maternidade Dona Evangelina Rosa. Segundo a delegada, todas as pessoas que tiveram contato com ela foram ouvidas e confirmaram que Conceição estava tendo surtos quando foi atendida.
Lesões leves
A delegada Nayana Paz afirmou que os laudos médicos atestaram que a jovem sofreu ferimentos leves, o que não justificam o estado de saúde grave em que ela se encontrava e a morte do feto de 4 meses.
“Nós temos também a questão do laudo médico, que atestou que a Conceição tem lesões leves espalhadas pelo corpo. Ela deu entrada na maternidade com estado de saúde gravíssimo, com funções hepáticas e renais bastante prejudicadas, indo para a UTI e sendo entubada, então aquelas lesões leves não foram causa daquele estado de saúde. Tudo indica que a morte do feto se deu por conta do estado de saúde grave dela, tendo em vista que o aborto não teria sido causado por essas lesões leves. O bebê foi a óbito no dia seguinte”, explicou.
Lesões provocadas pelos surtos
“Pelos vídeos que vimos, dos surtos que ela teve, percebemos que algumas dessas lesões foram provocadas, na verdade, pela contenção que as pessoas fizeram de tentar segurar ela, de tentar acalmar ela, algumas vezes ela caiu no asfalto, então nesses momentos que ela caiu, ela se escorou e se ralou. Houve também pessoas tentando segurar os punhos, justamente por isso ela apresentou essas lesões”, afirmou a delegada.
Hipótese de violência doméstica
“Com relação a agressão de violência doméstica, nós não descartamos que ela possa ter sofrido, mas em dias anteriores. Com relação a isso nós vamos esperar ela recobrar a consciência para ela poder nos relatar se houve essa violência em dias anteriores, e, em ela relatando, nós vamos sim dar prosseguimento ao inquérito policial para responsabilizar essa pessoa que praticou. Mas a certeza que temos hoje é que o estado grave dela, que deu entrada na maternidade e a perda do bebe, não foram causadas pela agressão”, finalizou Nayana Paz.
Entenda o caso
Uma jovem de 29 anos, que estava grávida de 4 meses, perdeu o bebê, após ser encontrada com sinais de agressão na zona sul de Teresina. O ex-companheiro dela foi apontado pelo pai da vítima como o principal suspeito. No dia do ocorrido, a vítima foi encaminhada para a Maternidade Dona Evangelina Rosa, onde está internada em estado grave e acabou perdendo seu bebê, de apenas 4 meses.
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