Dentre as 57 mulheres mortas no Piauí, 25 dos assassinatos foram enquadrados como feminicídio, sendo que nove aconteceram em Teresina e 16 no interior do estado. Os dados divulgados nesta terça (08) pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí apontaram que a situação não sofreu alteração, visto que, em 2017, houve 26 feminicídios no estado.
Em entrevista ao GP1, a delegada Eugênia Villa explicou que o maior desafio é fazer a mulher entender que ela deve denunciar o caso, não só quando chega na agressão física, mas até mesmo antes disso. Teresina possui o Plantão de Gênero, que funciona 24h e, depois da sua criação, os casos registrados mais que duplicaram.
- Foto: Hélio Alef/GP1Delegada Eugênia Villa
“É uma questão extremamente complexa falar sobre as motivações de um feminicídio, é toda uma estrutura de violência que se instaura através do controle das mulheres, é o patriarcado, é a dominação, é o que faz com que as mulheres se tornem vulneráveis. A gente tem que colocar dentro da polícia que todas as mulheres merecem viver, temos que quebrar todos os paradigmas, nenhuma mulher é desmerecedora, a investigação tem que ser de excelência, a mulher tem algo em comum nesses assassinatos é a dominação, o controle sobre as mulheres. Elas tem que denunciar”, disse Eugênia Villa durante evento na Delegacia Geral.
Em 2018, foram 796 casos registrados. A maioria deles foi no período da noite e durante a madrugada. Domingo é o dia em que mais são registradas ocorrências, seguido de sábado e sexta-feira. No caso do aplicativo Salve Maria, só neste ano foram registradas mais de 482 denúncias.
A delegada informou que as medidas protetivas impostas no Piauí vêm ajudando a evitar que os feminicídios aconteçam de forma mais latente no estado. “Nós não temos notícia de nenhum assassinato de mulher no Piauí que tenha tido benefício da medida protetiva e tenha sido morta. Então aqui podemos dizer sim que a medida protetiva de urgência vem evitando feminicídio. Então as mulheres acreditem na polícia, acreditem na justiça, já tomamos a medida para não acontecer, aí já é uma prevenção de risco, a medida protetiva já vem podendo ser requerida eletronicamente, então o juiz (a) expede em cerca de meia-hora essa medida”, informou Eugênia.
“A gente está desenhando outra saída, para que a mulher que já tem medida protetiva possa estar sendo rastreada o tempo todo pela polícia, principalmente se o companheiro possui arma de fogo, aí ela é considerada por si só de alto risco e deve ser monitorada durante dia e noite”, revelou.
Ver todos os comentários | 0 |