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Teresina - Piauí

Começa audiência de instrução do capitão Allisson Wattson no Tribunal do Júri

A juíza Maria Zilnar Coutinho Leal comanda o julgamento. O promotor Benigno Filho é o responsável pela acusação e o advogado Pitágoras Veloso é da defesa.

Lucas Dias/GP1 1 / 5 Familiares de Camilla Abreu pedem por justiça Familiares de Camilla Abreu pedem por justiça
Lucas Dias/GP1 2 / 5 Promotor Benigno Filho Promotor Benigno Filho
Lucas Dias/GP1 3 / 5 Jean Abreu, pai de Camilla Abreu Jean Abreu, pai de Camilla Abreu
Lucas Dias/GP1 4 / 5 Julgamento de Camilla Abreu no 2º Tribunal do Júri Julgamento de Camilla Abreu no 2º Tribunal do Júri
Lucas Dias/GP1 5 / 5 2ª Vara do Tribunal do Júri 2ª Vara do Tribunal do Júri

Começou nesta sexta-feira (23) na 2ª Vara do Tribunal do Júri, a audiência de instrução e julgamento do capitão da Polícia Militar do Piauí, Allisson Wattson da Silva Nascimento, assassino confesso da estudante de direito Camilla Abreu, sua namorada. A juíza Maria Zilnar Coutinho Leal comanda o julgamento. O promotor Benigno Filho é o responsável pela acusação e o advogado Pitágoras Veloso é da defesa.

A audiência começou por volta das 9h e a defesa do acusado entrou com um pedido para tentar adiar a audiência em uma semana, mas a solicitação foi negada pela juíza. Foram apresentadas 8 testemunhas pelo Ministério Público e nenhuma por parte do capitão.


Em entrevista concedida à imprensa, Benigno Filho criticou o pedido de instauração de incidente de insanidade mental feito pelo advogado do capitão e a alegação que o assassinato não ocorreu por meio de um tiro acidental.

“Ele terá que responder pela sua atitude no crime e como membro de uma corporação que tem a obrigação e dever de zelar pela sociedade. Se ele alega que foi um tiro acidental, porque logo em seguida ele não prestou socorro? Um capitão da polícia, com toda a experiência e técnica para isso, ele foi ocultar o cadáver. Foi mandar lavar o carro, vender o veículo. Louco não faz isso, pode ser louco para outras coisas, mas para manter esse crime ele estava lúcido ou ele quer jogar por terra o exame de insanidade, no psicotécnico que ele fez quando ingressou na Polícia Militar?”, questionou.

O pai de Camilla, Jean Abreu, disse que espera que seja feita justiça no caso. “A gente quer que ele pegue pena máxima, que pague pelo crime que cometeu. Para que sirva de exemplo para que não aconteça com outras famílias, o que aconteceu com a Camilla. Ele é um rapaz muito inteligente, conversava muito com ele, tão inteligente que escondeu o corpo dela, foi tentar vender o carro. É muita tristeza para mim e a família, só queremos justiça”, afirmou.

Depoimentos

Luana Regina de Sousa foi a primeira a testemunhar, mas como era amiga íntima da vítima, ficou apenas como informante. Ela conta que esteve com Camilla e Allisson no dia 25 de outubro em um bar e que eles agiam de forma estranha, trocando olhares e cutucadas. Quando foram embora do local, na madrugada do dia 26 de outubro, Luana e Camilla ficaram no banco de trás do carro e o capitão foi sozinho na frente. Ela afirmou que quando chegou na sua casa, saiu do carro e Camilla continuou no banco de trás e depois disso não teve mais notícias da amiga.

  • Foto: DivulgaçãoCamilla Abreu e capitão Allisson WattsonCamilla Abreu e capitão Allisson Wattson

Já no sábado (28) o irmão de Camilla, Diego Abreu, mandou mensagem pedindo notícias dela. Logo depois o acusado ligou para ela, perguntando "que história é essa que Camilla desapareceu?” e ela afirmou que ele deveria saber, já que tinha ficado com a estudante de direito no dia do desaparecimento. Ele teria dito então que tinha deixado ela na porta de casa e que tinha visto a jovem entrar na residência.

Luana disse ter pedido para ir com ele procurar por Camilla, mas o capitão afirmou que não poderia, pois o seu veículo estava em uma oficina. Ela relatou que começou a desconfiar da situação, principalmente, porque a vítima tinha contado diversos casos de crises de ciúmes do acusado, assim como o fato dela sofrer agressões físicas, socos, puxões de cabelo. Camilla chegou a dizer que Allisson já tinha apontado uma arma na testa dela.

Valéria Gomes Prudêncio, amiga de Camilla, foi a segunda a prestar informações. Ela disse ter ouvido vários relatos da estudante de direito sobre agressões de Alisson, mas que nunca presenciou violência física, apenas moral. Ela destacou que o capitão sempre andava armado. O advogado de Allisson, Pitágoras Veloso, ao fazer perguntas para Valéria, questionou se Camilla era garota de programa e se Valéria tinha um relacionamento amoroso com ela. Fatos negados pela amiga. “Allisson não é demônio e Camilla não é anjo", afirmou o advogado de defesa.

Expulsão da PM

A Corregedoria da Polícia Militar do Piauí concluiu o processo administrativo contra o policial e o considerou culpado, sendo pedida a sua expulsão da corporação. O processo seguiu para o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. A decisão final caberá ao governador Wellington Dias, caso o TJ confirme o entendimento do conselho.

Relembre o caso

A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu no dia 26 de outubro do ano passado. Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, na zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e capitão da PM, Allisson Wattson. Após o desaparecimento, o capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas na sexta-feira (27) e afirmou não saber do paradeiro da jovem.

A Delegacia de Homicídios, coordenada pelo delegado Barêtta, assumiu as investigações. O capitão foi visto em um posto de lavagem às margens do Rio Parnaíba, a fim de lavar seu carro sujo de sangue. Ele disse ao lavador de carros que o sangue era decorrente de pessoas acidentadas que ele havia socorrido.

  • Foto: Facebook/Camilla AbreuCamilla AbreuCamilla Abreu

Na tentativa de ocultar as provas do crime, o capitão trocou o estofado do veículo e tentou vendê-lo na cidade de Campo Maior, mas não conseguiu pelo forte cheiro de sangue que permanecia no carro.

Durante investigação, a polícia quis periciar o carro, mas Allisson disse ter vendido o veículo, mas não lembrava para quem. No dia 31 de outubro, o delegado Francisco Costa, o Barêtta, confirmou a morte da jovem. Já na parte da tarde, Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.

Na manhã de 1º de novembro, o corpo da estudante foi enterrado sob forte comoção no cemitério São Judas Tadeu. Laudo cadavérico da estudante Camilla Abreu concluiu que a jovem foi arrastada antes de morrer. O capitão virou réu na Justiça depois que a juíza de direito Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, recebeu denúncia do Ministério Público.

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