O jornalista Efrem Ribeiro, do Jornal Meio Norte, registrou um Boletim de Ocorrência no 21º DP, no domingo (11), contra ação de um policial da Força Tática do 8º Batalhão da Polícia Militar, na zona sudeste de Teresina, que tomou a sua câmera e apagou diversas fotos. Essa não é a primeira vez que o jornalista é alvo de agentes da segurança pública. Ele disse não saber o nome do policial militar que tomou seu equipamento.
Segundo Efrem, o caso aconteceu quando ele estava registrando a prisão de um homem acusado de tentar depredar um ônibus. Um policial tomou a câmera e excluiu várias fotos, entre elas a da prisão, da cobertura que ele havia feito dos blocos de Carnaval e de um assassinato, que ocorreu no Jardim Europa. O jornalista estava em um local público e o policial alegou que não queria que Efrem registrasse as fotos.
“Eu, primeiro, fui cobrir o caso de um assassinato no Jardim Europa e esse policial estava lá. Desde esse caso ele pedia para não tirar a foto dele, mas eu não tirei a foto, nem precisava. Depois desse caso, eu passei lá na delegacia e o motorista de um ônibus estava prestando queixa contra um rapaz que estava depredando o local. Quando esse rapaz foi ser preso, acabou resistindo e eu fui tirar as minhas fotos. O policial ficou todo o tempo me ameaçando, dizendo que iria tirar a minha máquina e terminou tomando, dizendo que iria levar como prova. Aí eu prestei queixa na delegacia, ele tomou sem nenhuma razão, eu estava no exercício da profissão e fora da delegacia. O policial civil que estava lá não se importou com o que eu estava fazendo. Os advogados do jornal entraram em contato para reaver a câmera, eu não sei como, mas quando cheguei na Delegacia de Homicídios me entregaram ela e eu percebi que mais de 50 fotos foram apagadas”, disse ao GP1.
- Foto: Facebook/Efrém RibeiroJornalista Efrém Ribeiro prestando queixa no 21º DP de Teresina
O jornalista lamentou o ocorrido, disse que as fotos fazem parte do seu trabalho e que a polícia não pode decidir que fotos ele deve ou não publicar para o leitor. “Essa é uma situação muita séria. Eu sou pago pelo leitor. Eu só sobrevivo porque eu trabalho. Quando o policial toma o papel do meu patrão e deleta as fotos, você está tirando do leitor, que paga o meu dinheiro, o direito de ver uma coisa ou não. É uma coisa muito grave. Não é direito da polícia decidir o que o leitor deve ver. Nem foi publicada ainda a matéria, porque ele não esperou ser divulgada para decidir se iria ter a foto dele lá ou não, para poder ingressar com um processo. Eu estava em um local público e então não tinha nada que tomar a minha máquina. Eu não cometi um crime ao tirar a foto. O que aconteceu foi censura”, afirmou.
Efrem acredita que o policial queria que ele reagisse ao que aconteceu para que fosse preso. Ele disse que já passou por diversas situações, onde o seu trabalho não foi respeitado pelos agentes de segurança pública do Piauí e essa é a primeira vez que registrou um Boletim de Ocorrência.
“Parece que a ideia não é a apreender a máquina, mas sim eu reagir. A ideia é deixar que eu fique revoltado, fazer um movimento brusco ou dizer uma palavra que seja ofensiva para apreender por desacato à autoridade. Eu vi isso bem claro. Ele estava atrás da minha reação, uma provocação, para que eu pudesse fazer alguma coisa. Eles fazem isso sistematicamente, tanto polícia civil, como a militar, deletam as minhas fotos e fazem censura. Agora eles sabem deletar, antes eles não sabiam. Lá no Greco um policial chegou a quebrar o meu cartão de memória. A coisa é tão opressiva que na última vez que denunciei o caso na mídia, isso gerou muita repercussão e acabou gerando críticas das pessoas nas redes sociais contra os policiais e depois essas pessoas que criticaram foram investigadas devido a esses comentários”, explicou.
Outro lado
Procurado pelo GP1 nesta segunda-feira (12), o major Marcelo Barros, que está substituindo a tenente-coronel Elza na Diretoria de Comunicação da PM, não foi localizado para comentar o caso. O GP1 está aberto a esclarecimentos.
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