Várias mulheres que ficaram revoltadas com o assassinato frio e cruel da jovem Camilla Abreu se juntaram e clamaram por justiça na frente da Delegacia de Homicídios, localizada na zona sul de Teresina, na noite de ontem (31), no momento que o responsável pelo crime, o policial Alisson Watsson, esteve na delegacia para prestar depoimento.
Após a prisão do assassino de Camilla, várias mulheres tentaram invadir a Delegacia de Homicídios, mas a ação foi contida pelo próprio delegado Francisco Costa, o Barêtta, coordenador da delegacia, que conversou com o grupo de manifestantes para que elas não depredassem o prédio público, pois os prejuízos só seriam para a população, já que o acusado já estava recebendo a sua punição, a prisão.
Os números relacionados a crimes praticados contra a mulher só aumentam a cada dia, e diante de mais um caso, em menos de um ano, mais uma mulher, Camilla Abreu, foi vítima de feminicídio.
- Foto: Divulgação/ PolíciaCivilDelegado Barêtta conversando com as mulheres
De acordo com a delegada Eugênia Villa, diretora de Gestão Interna da Secretaria da Segurança Pública do Piauí, o próximo passo em relação ao caso de Camilla é o lado cientifico e teórico. “A vida da Camilla foi extirpada e todo o potencial que ela poderia viver. Não existe homicídio por ciúmes, o código penal não prevê isso. Não existe homicídio por traição. Não existe legitima defesa da honra. Está se matando por que estamos em uma estrutura de domínio patriarcal que vem de muito tempo aliado a estereótipo de gênero, que é a modelagem dos corpos humanos. Foi ele [Alisson] e está provado que foi ele que matou. As mulheres que sofrem com agressões tem que procurar a delegacia”, disse.
- Foto: Divulgação/ PolíciaCivilMulheres tentam invadir Delegacia de Homicídios
“Precisamos saber se houve ou não estupro, não era porque Camilla era namorada dele que ela era obrigada a ter relação sexual com ele, ou não. Não é porque eu sou casada com um homem que tenho o dever marital. Não podemos botar a violência sexual a frente do assassinato. O que pode ser comprovado é uma tortura, um estupro, e um feminicídio, sem falar na ocultação do cadáver. Como é que você tem uma relação de afetividade e joga aquela pessoa, que você diz amar, que você matou por ciúmes, no lixo? É como se fosse um objeto, isso é desumano. Isso mostra total controle do corpo da mulher”, finalizou a delegada.
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