Dor, tristeza e revolta marcaram o enterro de Camilla Abreu, na manhã desta quarta-feira (01), no cemitério São Judas Tadeu, na zona leste da Capital. Familiares, amigos e populares deram o último adeus à jovem sob forte comoção. O velório durou cerca de 30 minutos e o caixão não chegou a ser aberto, devido as condições em que o corpo se encontrava.
Camilla Abreu foi encontrada morta no fim da tarde desta terça-feira (31), no povoado Mucuim, após passar cinco dias desaparecida. O principal suspeito de matar a jovem é o namorado, o policial militar Allisson Wattson, que confessou o crime e apontou o local onde estava o corpo da estudante.
Antes do sepultamento de Camilla foi realizada uma missa em homenagem a estudante. O pai de Camilla, Jean Carlos, ainda está muito abalado com o acontecido. “Eu quero que esse caso sirva de exemplo para outros pais. Que eles revejam o relacionamento com seus filhos, porque eu não quero para ninguém o que eu estou sentindo, é muita tristeza”, disse.
“Desde o começo, tudo que ele vem falando é mentira. Ele disse que tinha deixado ela no portão de casa e não deixou. Ele disse que vendeu o carro e não vendeu. Tudo o que ele falou, ele entrou em contradição. É psicopata. No sábado ele ainda chegou na casa da minha mãe chorando, perguntando por ela. Ele é muito frio, nem parece que tem um filho, parece que não tem amor”, completou o pai de Camilla.
O tio da estudante, Jandeilton Rodrigues, que é cabo da Polícia Militar, fez um apelo aos colegas militares. “Eu quero pedir até aos meus amigos militares que não baixem a cabeça, pedir a sociedade que não generalize. Eu sou da instituição e sei que é formada por homens de bem. Esse caso é isolado e repercute muito negativamente o fato de ele ser um policial militar. Muitas pessoas da minha família são militares e nós não temos esse sentimento de revolta, pelo contrário, nós temos é carinho pela instituição. Peço apenas que a Justiça seja feita”, afirmou.
Segundo Jandeilton, o que ele mais quer é que Allisson seja expulso da Polícia Militar. “Eu quero que a Justiça seja feita. Que ele seja expulso. Eu não quero que a sociedade julgue a Polícia Militar, a família não está julgando. Eu sou um policial militar, sei do trabalho que nós temos diariamente. Se as pessoas soubessem o que passamos, valorizariam mais o nosso trabalho”, disse.
Entenda o caso
A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu na última quinta-feira (26). Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, na zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e capitão da PM, Allisson Wattson. Após o desaparecimento, o capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas na sexta-feira (27) e afirmou não saber do paradeiro da jovem.
- Foto: Facebook/Camilla AbreuCamilla Abreu
A Delegacia de Homicídios, coordenada pelo delegado Barêtta, assumiu as investigações.
O capitão foi visto em um posto de lavagem às margens do Rio Parnaíba, a fim de lavar seu carro sujo de sangue. Allisson disse ao lavador de carros que o sangue era decorrente de pessoas acidentadas que ele havia socorrido.
Na tentativa de ocultar as provas do crime, o capitão trocou o estofado do veículo e tentou vendê-lo na cidade de Campo Maior, mas não conseguiu pelo forte cheiro de sangue que permanecia no carro.
Durante investigação, a polícia quis periciar o carro, mas Allisson disse ter vendido o veículo, mas não lembrava para quem.
No início da manhã desta terça-feira (31), o delegado Francisco Costa, o Barêtta, confirmou a morte da jovem.
Na tarde desta terça-feira (31), Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.
Ver todos os comentários | 0 |