Foi realizada nessa quarta-feira (2) uma coletiva de imprensa para tratar sobre a Operação Fantasma realizada pelo Grupo Interinstitucional de Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária (GRINCOT), que prendeu os empresários Mirtdams Júnior, Willams L. de Melo e João Canuto Neto, acusados de fraudes tributárias e fiscais no valor de R$ 81 milhões. Eles atuavam principalmente na cidade de Campo Maior. A mãe dos acusados também foi presa.
- Foto: Lucas Dias/GP1Veja como atuaram empresários presos na Operação Fantasma no Piauí
De acordo com o delegado João José, o JJ, coordenador da Delegacia Especializada de Crimes contra a Ordem Tributária (Deccortec), nove pessoas já foram presas e foram sequestrados 5 veículos, apreensão de cheques e devem ser apreendidos 14 caminhões. No total, a organização tinha a participação 15 pessoas, sendo os três empresários, 5 recrutadores e laranjas fixos e um contador, que foram presos, além de mais seis laranjas eventuais.
“No total tinham 15 pessoas. Os líderes que lucravam com as fraudes, onde há vários registros das redes sociais que mostram que eles tem uma vida bastante confortável. Além disso tem os recrutadores e laranjas fixos, que trabalhavam para os líderes, tanto cedendo o seu CPF, como encontrando outros laranjas. Além disso tem os laranjas eventuais que davam suas identidades sabendo que eram para a criação de empresas fantasmas e entregavam para os líderes mediante pagamento que variava de R$ 300 a R$ 1 mil. Também havia um contador que operacionava a fraude. Até o momento detectamos 61 CNPJs, onde a maioria se tratava de empresas fantasmas. Os valores são R$ 81 milhões já levantados após denúncias”, disse o promotor Plínio Pontes.
- Foto: Lucas Dias/GP1Promotor Plínio Pontes
Como o grupo atuava
O grupo atuava há cerca de 30 anos e a polícia acredita que a organização começou com o pai dos empresários, que já faleceu. Segundo o delegado JJ, foram criadas empresas em 14 estados “para produzirem notas fiscais, inclusive para vender notas. Pelo grau de complexidade desse grupo, acreditamos que podemos chegar em mais pessoas. Inclusive esta sendo oferecida delação premiada para aqueles que facilitarem a investigação”.
O promotor Plínio explicou como funcionava a criação das empresas. “Os líderes criam empresas fantasmas em nome dos laranjas aqui no Piauí e em diversos outros estados. Essas empresas laranjas formalmente recebiam notas fiscais dos fornecedores, só que a mercadoria não ia para lá, mas para empresas reais. Algumas localizamos e outras não. Então essas que não localizamos será outra investigação. O fato é que a nota fiscal era direcionada aos laranjas. Então o débito tributário ia para quem não tinha a condição de pagar pela mercadoria. Era aí que a quadrilha ganhava dinheiro. Porque eles ficavam com a mercadoria, que ia para uma empresa real, e o débito tributário iria para a empresa laranja que não tinha patrimônio para pagar. Então a empresa nascia para isso, para ficar devendo, para ser executada e não se encontrar nenhum bem”, explicou.
O número de investigados deve aumentar, já que há suspeita de envolvimento de mais parentes dos empresários. Os R$ 81 milhões já registrados, são de processos onde já houveram denúncias, envolvendo apenas o registro no nome dos laranjas. O valor pode aumentar, pois serão investigadas as empresas dos líderes, sendo que o caso envolve apenas o Piauí, sem considerar as empresas criadas nos outros estados.
- Foto: Lucas Dias/GP1Delegado J.J.
Delação premiada
Segundo o delegado Josimar, a delação premiada será oferecida se forem revelados fatos que interessem a investigação. “Quem propuser a gente faz a análise. Se houver elementos e subsídio suficiente a gente vai lavrar o termo. É através do advogado que se propõe. Alguns estão em fase de negociação, mas não vamos revelar os nomes, pois pode atrapalhar a investigação”, afirmou.
Investigação continua
Também serão investigadas as empresas reais que receberam essas mercadorias. “O objetivo imediato era cessar essa atuação. Quebramos a estrutura dorsal, com os líderes e os recrutadores presos. O outro objetivo é garantir a reparação com o sequestro de bens e quando houver condenação o dinheiro volta aos cofres público. Estamos produzindo provas e agora pegamos apenas o esqueleto da empresa, ainda há muito para investigar. Inclusive quais as empresas reais que eram clientes desse grupo”, afirmou o delegado Josimar.
- Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Josimar Brito
Os presos
-Mirtdams Júnior, Willams Melo e João Canuto Neto são os líderes
Eles abriam as empresas em nomes de “laranjas” e utilizavam seus CNPJs. Eles possuem uma empresa, mas nenhuma com débitos no ICMS, pois usam as empresas “fantasmas” para arcar com os débitos. Mirtdams foi preso em Jericoacoara, no Ceaá. Williams e João foram presos em Campo Maior.
-Vera Lucia de M. Leite
É a mãe dos empresários, possui dois CPFs e é a responsável legal pela empresa “Ceralista Melo”, que é a maior devedora do fisco estadual. Ela está no rol dos laranjas fixos. Foi presa em Campo Maior.
-Deodato R. de S. Neto
É motorista dos líderes e tinha 14 empresas no seu nome, sendo um dos laranjas fixos da organização criminosa. Foi preso em Campo Maior.
- Gilmara M. Vieira
Atuava de forma fixa no grupo, onde trabalhava como recutadora, encontrando outras pessoas para cederem seus nomes e dados para abertura de empresas. Ela tinha 23 empresas no seu nome. Foi presa em Campo Maior.
-Jailton S. Barros
Ele tinha dois CPFs e 13 empresas no seu nome, sendo um dos recrutadores e atuando de forma fixa no grupo. Ele foi preso em Teresina.
-Antônia Sandra Silva
Era também uma das laranjas do grupo, onde atuava também como secretária dos empresários. Ela tinha sete empresas no seu nome. Foi presa em Campo Maior.
-Francisco Nilton Barros de Morais Trindade
Era o contador dos líderes e atuava na parte operacional do esquema criminoso. Ele foi preso em Teresina.
- Foto: Divulgação/Polícia CivilVeja como atuava a quadrilha
- Foto: Divulgação/Polícia CivilQuadrilha foi presa nessa manhã
- Foto: Divulgação/Polícia CivilContador
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