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Teresina - Piauí

Sargento da PM vira réu acusado de tentar matar a esposa em Teresina

A decisão da juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, foi dada no dia 30 de julho.

A juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, recebeu denúncia contra o sargento da Polícia Militar do Piauí, João Paulo Norões de Lima Menezes, acusado de tentativa de feminicídio contra a esposa A. K. B. L. A decisão foi dada no dia 30 de julho.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado do Piauí, no dia 02 de julho deste ano, por volta das 20h, no Residencial Jacinta Andrade, o acusado segurou a vítima por um dos braços assim que ela entrou na residência do casal e passou a agredi-la verbal (chamando-a de ordinária, cretina e vagabunda) e psicologicamente (ameaça de morte, chantagem, insultos e restrição de liberdade), culminando com violência física.


  • Foto: Brunno Suênio/GP1Sargento Menezes sendo conduzido para o IMLSargento Menezes sendo conduzido para o IML

Segundo a denúncia, as agressões aconteceram porque a vítima não teria dado atenção ao sargento ao longo do dia, bem como não o teria deixado participar da vida financeira da vítima.

“O acusado arrastou a vítima para o quarto do casal, onde, utilizando as mãos, tentou esganar e sufocar a vítima, afirmando que ceifaria sua vida naquela data. Nesse ínterim, a vítima chegou a perder as forças quando tentava se defender, momento em que o investigado a soltou e saiu em busca da sua arma de fogo para concluir o feminicídio, a todo tempo xingando a vítima e asseverando que a mataria (ameaça), de modo que, durante toda a ação delitiva, o acusado reiterava a sua certeza que ninguém ouviria as rogativas da vítima, em virtude da distância do imóvel em relação aos vizinhos”, descreveu a denúncia.

Consta ainda que a vítima conseguiu evadir-se para o banheiro, trancando a porta e impedindo que o sargento adentrasse o cômodo, no entanto, ele conseguiu arrombar a porta e de lá retirou a vítima pelos cabelos e levou-a para o carro.

“Ato contínuo, quando o acusado tentou deixar o imóvel, a vítima, ciente que estava em situação de extremo perigo, conseguiu segurar a trava da porta do automóvel e, aproveitando um segundo de desleixo do agressor, abandonou o veículo e correu em direção a residência da vizinha mais próxima, lá conseguiu abrigar-se, mesmo sendo perseguida pelo agressor que, inclusive, chegou a subir no muro da referida residência, portando arma de fogo, mas não conseguiu descer na parte interna do imóvel, sendo compelido, por circunstâncias alheias à sua vontade, a abandonar a empreitada criminosa”, concluiu a denúncia do Ministério Público.

Ao receber a denúncia o magistrado destacou que a mesma está instruída com a prova da materialidade do delito e indícios da autoria atribuída ao acusado, além de estarem presentes as condições da ação e lastro probatório dos fatos narrados na peça inicial.

Entenda o caso

O sargento da Polícia Militar do Piauí, João Paulo de Lima Menezes, foi preso no dia 10 de julho, em Teresina, pelo Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), sob acusação de agredir a própria esposa no dia 02 de julho.

O mandado de prisão preventiva foi cumprido pela equipe da delegada Luana Alves, que preside o inquérito que apura o caso. “Ele não tentou reação e foi encontrado na casa onde ele morava antes de se relacionar com a vítima. Ele estava tranquilo, obedeceu aos comandos e não nos causou nenhum transtorno”, informou a delegada.

Outro lado

Em entrevista ao GP1, na tarde desta terça-feira (04), o advogado de defesa do sargento, Otoniel Bisneto, falou sobre o recebimento da denúncia. Segundo ele, não há o que se questionar, pois se trata de um procedimento normal, no entanto rebateu as acusações.

“Quanto a juíza Zilnar receber a denúncia, é tranquilo, faz parte do processo, não há nada o que contestar, é um procedimento normal, até porque eu seria leviano se fosse contestar uma juíza da qualidade da Zilnar, que é uma juíza ética, imparcial, que tem serviço prestado dentro do poder judiciário para o estado”, declarou o advogado.

Em relação à acusação, Otoniel afirma que foi uma situação armada pelo irmão da vítima. "Do ponto de vista da acusação, primeiro que isso foi uma situação orquestrada pelo irmão da vítima, que inclusive fez várias postagens e houve uma repercussão imensa, distorceram a realidade dos fatos", declarou.

"Outra coisa que chama atenção, além do espetáculo que foi criado pelo irmão dela, é o fato de que a própria ex-mulher dele foi utilizada de forma leviana pelo irmão da vítima, na perspectiva de querer levantar uma vida pregressa da qual ele não possui. A ex-mulher dele é testemunha de defesa, ela também está indignada com o fato de ter sido usada da forma como ela foi usada pelo irmão da vítima, causando prejuízo ao João Paulo. Ela, inclusive, já depôs a favor dele", enfatizou.

Outro ponto questionado pela defesa é a prisão do sargento, que para o advogado, foi desnecessária. "Ele se apresentou no distrito para prestar esclarecimento sobre o fato, a prisão dele foi desnecessária em razão da própria atividade que ele desenvolve, foi uma medida que extrapolou até porque logo depois do evento, ele se afastou da casa, procurou um canto para ele morar, nem precisou de medida protetiva porque ele mesmo se afastou", disse.

Por fim, Bisneto lamentou "o fato de noticiar a prisão dele, colocando a honra e a moral dele por terra". Para ele, "houve um linchamento moral e um assassinato de reputação praticado pelo irmão da vítima em relação a João Paulo", concluiu.

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