O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), encerrou a coletiva realizada nesta quinta-feira, 26, pelo governo do Estado para o anúncio de novas medidas contra a pandemia de coronavírus afirmando que "não é hora de briga, política e eleição", em referência a atritos recentes que teve com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
O presidente havia dito a Doria, em videoconferência que reuniu Bolsonaro e governadores da região Sudeste, que o governador paulista "não tem altura para criticar o governo", acusando Doria de ter utilizado seu nome para se eleger em 2018. Doria, antes, discordou da posição do presidente em pronunciamento feito em cadeia nacional na terça-feira, 24, quando Bolsonaro chamou a covid-19 de "gripezinha", minimizando os impactos da doença.
Doria concluiu a coletiva fazendo um apelo a autoridades políticas: "Reflitam, pensem nas pessoas, respeitem aqueles que querem viver, compreendam que o mundo é feito de seres humanos. Só com a preservação da vida teremos consumo e economia. Agora continua sendo a hora de proteger vidas", afirmou o governador.
Medidas
Na coletiva, o governador de São Paulo anunciou o repasse, a partir de 3 de abril, de R$ 218 milhões a 80 municípios com mais de 100 mil habitantes no Estado, para o combate no coronavírus. Na segunda-feira, 30, será anunciado o repasse para os outros 565 municípios com menos de 100 mil habitantes; e, nesta sexta-feira, 27, o valor que será repassado para a capital.
Doria reafirmou que a quarentena está mantida em todo o Estado para conter o avanço do novo coronavírus. A medida será válida até o dia 7 de abril. Doria disse que a medida tem respaldo na opinião de especialistas e segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Não tomamos medidas precipitadas, mas sim fundamentadas", disse.
Sobre a possibilidade de prolongar a quarentena, Doria afirmou que, por ora, não há previsão de estender o prazo. Mas as medidas, reforçou, são analisadas e decididas diariamente.
O governador também comentou a decisão de Bolsonaro em considerar eventos religiosos como "essenciais", furando assim as medidas tomadas pelos Estados. "Nós ainda não recebemos oficialmente essa informação. Aqui, nós seguimos as leis e as regras. Porém, mais do que a regra, é a vida. Tenho certeza que todas as manifestações de igrejas têm bom senso, equilíbrio e capacidade de compreender a situação em que nós estamos", declarou.
O número de pessoas internadas em estado grave em São Paulo com infecção pelo novo coronavírus teve um aumento de 42% nas últimas 24 horas e subiu para 84 no balanço divulgado nesta quinta-feira. O Estado tem 862 casos confirmados de coronavírus e já registrou 48 óbitos.
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