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Doria diz que coronavírus não é 'gripezinha' e critica Bolsonaro

Doria afirmou que essa é 'a maior crise de saúde do País'. Mais cedo, em videoconferência de governadores do Sudeste, houve discussão entre o governador de SP e o presidente.

O governador João Doria (PSDB) criticou o presidente Jair Bolsonaro em coletiva na tarde desta quarta-feira, 25. Ele afirmou que a fala de Bolsonaro "foi absolutamente equivocada". Doria e Bolsonaro discutiram, mais cedo, em uma videoconferência com governadores do Sudeste com o presidente. "Apenas fiz um registro como brasileiro, cidadão e governador eleito no Estado de São Paulo. Não é uma gripezinha, não é um resfriadozinho. É um assunto sério, difícil, e a maior crise de saúde na história do País", disse.

Doria anunciou que todos os governadores do País vão fazer uma videoconferência para falar sobre a situação do novo coronavírus no País. O encontro deverá acontecer às 16h. Segundo Doria, o encontro é uma reação às falas de Bolsonaro. Nesta quarta, Bolsonaro disse que pedirá ao Ministério da Saúde mudança na orientação de isolamento da população durante a pandemia. Em pronunciamento nesta terça, o presidente criticou as medidas de fechamento de escolas, o isolamento social imposto pelos Estados e o fechamento do comércio.


Na videoconferência entre governadores do Sudeste e Bolsonaro, houve bate-boca entre o presidente e Doria. O governador de São Paulo disse que Bolsonaro deveria “dar exemplo ao País, e não dividir a nação em tempos de pandemia”. Segundo pessoas que participaram da reunião, Bolsonaro se exaltou com a declaração de Doria e chegou a chamá-lo de leviano e demagogo.

Bolsonaro também reclamou que Dória teria se apoderado do nome dele nas eleições de 2018 e depois “virou as costas” como fez todo mundo. “Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque”, disse Bolsonaro a João Dória.

A fala de João Dória durou cerca de 5 minutos. “Sem diálogo não venceremos a pior crise de saúde pública da história de nosso País. Bolsonaro, início na condição de cidadão, de brasileiro, lamentando seu pronunciamento de ontem à noite à nação. Nós estamos aqui, os quatro governadores do Sudeste, em respeito ao Brasil e aos Brasileiros, e em respeito também ao diálogo e ao entendimento. O senhor, como presidente da República, tinha que dar o exemplo. Tem que ser um mandatário para comandar, para dirigir e para liderar o País e não para dividir”, disse o governador.

Embates Bolsonaro e Doria

Os embates entre Bolsonaro e os governadores, com destaque para João Doria, são bem anteriores à crise do avanço do novo coronavírus, mas subiram de tom depois do aumento de casos da doença.

No último sábado, o presidente da República chegou a chamar o governador paulista de “lunático” e disse que Doria fazia “uso político” da crise para atacar o presidente.

O presidente vinha criticando as decisões dos Estados de fechar escolas, proibir aglomerações e decretar quarentena -- ações para retardar o avanço do vírus. Bolsonaro já fez uso de termos como “histeria” para descrever essas ações e “gripezinha” para se referir à doença, que já matou 46 pessoas no Brasil e outras 49 mil em todo o mundo.

Doria, por sua vez, que tem dado entrevistas coletivas diárias transmitidas pelas TVs, em que responde perguntas de jornalistas enviadas previamente, vem rebatendo as atitudes do presidente. “Gostaria de ter um presidente que liderasse o País em uma crise como essa e não relativizasse uma questão tão grave como o coronavírus para os brasileiros”, disse Doria, no sábado.

Nestes discursos, Doria busca destacar que as medidas adotadas por seu governo têm como base a opinião de cientistas e as práticas adotadas por outras nações para enfrentar a doença.

Na prática, Doria já determinou um calote nos pagamentos da dívida pública paulista com a União, o que deve liberar R$ 7,2 bilhões do orçamento paulista para o combate à doença. A medida se deu por meio de uma ação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF), não como resultado de uma negociação com a gestão Bolsonaro.

O governador, entretanto, havia elogiado a Medida Provisória editada pelo presidente na semana passada em que permitia que trabalhadores tivessem seus salários suspensos por até quatro meses, sem nenhum auxílio previsto. “Avaliamos de maneira positiva e acertada a medida, evitando demissões em massa”, disse Doria, horas antes de Bolsonaro revogar o texto, diante de uma enxurrada de críticas.

Doria foi eleito em São Paulo vestindo uma camiseta amarela com a palavra “BolsoDoria” escrita em verde, as cores da bandeira e da campanha de Bolsonaro. O presidente, entretanto, afirma que “nunca autorizou” o uso do seu nome para a eleição do paulista.

Números do coronavírus

O número de mortes por causa do novo coronavírus subiu para 46 nesta terça-feira, 24, segundo o Ministério da Saúde. É o maior salto em um único dia: 12. O primeiro óbito foi registrado no dia 17 deste mês. O País já soma, desde o início da crise do coronavírus, 2.201 confirmações da nova doença. São Paulo é o Estado mais afetado pela doença, com 40 mortes e 810 casos confirmados.

Em todo o mundo, de acordo com a OMS, já são mais de 375 mil casos confirmados, com mais de 16 mil mortes.

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