O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta segunda-feira, 10, que elevará em € 100 o salário mínimo mensal - atualmente em € 1.498,47 (R$ 6.674,94) - e reduzirá os impostos para pensionistas e trabalhadores, em um discurso, transmitido pela TV, com o objetivo de atender às demandas do movimento "coletes amarelos".
Macron reconheceu que suas palavras "feriram alguns" no passado e considerou justificado o descontentamento que desencadeou os protestos. Ele decretou o que chamou de um estado de emergência econômico e social para enfrentar a onda de revoltas contra seu governo.
Em uma fala na TV, que durou 13 minutos, o presidente admitiu que o país “enfrenta um momento histórico” e pediu às grandes empresas que participem do esforço necessário para mudar a situação.
- Foto: AFPEmmanuel Macron
Macron indicou que esse aumento do salário mínimo entrará em vigor em 2019 “sem nenhum custo ao empregador”. Ele acrescentou que as horas extras estarão isentas de impostos também a partir do próximo ano.
O presidente também pediu aos empresários que “tenham condições” que entreguem a seus funcionários um bônus de fim de ano que também será livre de impostos.
Ele destacou que os aposentados que ganhem menos de 2 mil euros (R$ 8.909,40) ao mês terão anulado o aumento da Contribuição Social Geral, um imposto proporcional sobre a renda ou o capital que financia da Seguridade Social.
No entanto, Macron não aceitou reinstaurar o imposto sobre as fortunas, que era pago por aqueles com um patrimônio bruto superior a 1,3 milhão, que foi substituído por um imposto sobre a fortuna imobiliária.
“Queremos uma França onde uma pessoa possa viver signamente de seu trabalho. Peço ao governo e ao Parlamento que façam o necessário”, concluiu sobre as medidas previstas.
Macron se reuniu nesta segunda-feira com atores sociais e líderes políticos antes de se dirigir à nação para tentar encontrar uma saída para a crise dos “coletes amarelos” que colocou o Executivo contra a parede.
O presidente realizou pela manhã uma reunião no Palácio do Eliseu com 37 pessoas, entre elas o primeiro-ministro Edouard Philippe e 12 membros do governo, assim como com sindicalistas, membros da área patronal, presidentes da Assembleia Nacional e do Senado e líderes locais.
“Eu lhe disse que vivemos uma crise democrática muito grave cuja raiz está nas desigualdades sociais e territoriais”, disse o líder do sindicato considerado moderado (CFDT), Laurent Berger.
Por sua vez, o líder da patronal francesa (Medef), Geoffroy Roux de Bézieux, disse que lembrou ao presidente a “necessidade de reduzir a pressão fiscal”.
Macron, muito impopular, insultado nas manifestação onde se pede sua demissão, e que enfrenta a degradação da economia francesa em razão dos bloqueios nas estradas e o fechamento do comércio, necessita de uma saída para reduzir a cólera que tomou conta de boa parte do país há mais de três semanas.
Prisões
As forças de segurança francesas detiveram 4.523 pessoas em todo o país desde a primeira manifestação, em 17 de novembro, dos protestos que pedem mais justiça social na França, informaram nesta segunda-feira fontes policiais.
Somente no sábado, na quarta manifestação, cerca de 2 mil pessoas foram presas, marcando um recorde histórico no país.
A divisão entre os franceses parece cada vez maior entre uma parte da população que se sente cada vez mais pobre e assegura que não é ouvida pelas "elites" e Macron, chamado de "o presidente dos ricos".
Os "coletes amarelos" criticam a supressão do imposto sobre a fortuna, adotada por Macron ao assumir o poder 18 meses atrás, uma medida considerada um "presente" para os ricos.
Desde o sábado, o presidente vem fazendo algumas concessões para "restabelecer a unidade nacional". Mas as expectativas dos manifestantes são cada vez mais numerosas e, para eles, não é suficiente o fato de o governo ter desistido de aumentar as taxas dos combustíveis, reivindicação original do movimento heterogêneo e sem liderança.
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