Vítima de um grave acidente automobilístico que matou os irmãos Francisco das Chagas Júnior e Bruno Queiroz no dia 6 de junho deste ano, o jornalista Jader Damasceno tenta se recuperar e manter a vida de forma positiva. Na sexta-feira (21) foi realizada uma audiência de instrução que terminou com a juíza Maria Zilnar Coutinho Leal expedindo um mandado de prisão preventiva de Moaci Moura Júnior, motorista do Corolla que causou o acidente após invadir o sinal vermelho. Moaci não compareceu à audiência, o que Jader caracterizou como um ato de covardia.
Em entrevista ao GP1, o jornalista revelou que o acusado ou sua família nunca prestaram qualquer assistência, nem mesmo tentaram falar com ele. “Eu não faço ideia de quem seja ele, eu só o conheço por fotografias, ou por matérias, mas eu não faço ideia de quem seja ele, de quem é o pai, a mãe, não sei, não faço ideia. Ninguém nunca deu nenhum tipo de assistência, nem humana de vir até mim, ao meu pai ou a minha mãe, ou pra família dos Chagas e tentar ser mais humano”, afirmou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Jader e Francisco das Chagas, pai de Francisco da Chagas e Bruno Queiroz
Com várias sequelas após o acidente, ele está no momento sem poder andar. Com uma paralisia facial, Jader ainda enfrenta problemas na visão e na audição. Ele afirmou que acredita na sua recuperação e que irá voltar a andar.
“Estou me recuperando, tentando me recuperar. Lutando todo dia com algumas sequelas. A minha face, quando cheguei no hospital depois do acidente tive paralisia facial no lado direito e estou fazendo tratamento para voltar a mexer a minha pálpebra, meu rosto, poder mastigar melhor, poder falar melhor. Agora minha pronúncia está melhor, mas têm palavras que eu tenho uma dificuldade muito grande. Meu olho está comprometido, a minha visão, e não tenho certeza de como vai ficar, pois vai depender do processo, dos cuidados e do tempo. Também perdi um pouco da audição. Hoje ando de cadeira de rodas e sei que um dia vou voltar a andar, mas ando de cadeira de rodas porque a minha perna foi quebrada inteira. Tive quase fratura exposta. Hoje uso uma pala para unir. Tenho metal na coxa inteira, na canela inteira. Tenho duas hastes de metal atravessando a minha canela em cada osso. Além de vários parafusos na minha coxa”, afirmou.
Para Jader, as sequelas não serão um impedimento para que ele busque seus objetivos. “A sorte é que minha mente está a cada dia melhor e eu me submeti a não me entregar, a não aceitar isso. Eu estou me renovando, me construindo, me redescobrindo fisicamente e mentalmente todos os dias. Eu nem sei se estou continuando ou tentando de fato a voltar a minha vida, a fazer o que eu amo, o que nasci para fazer”, disse.
- Foto: Lucas Dias/GP1Jader Damasceno
Um dos criadores do coletivo Salve Rainha, juntamente com Júnior Araújo que morreu no acidente, o jornalista explicou que a conscientização sobre o trânsito será uma das bandeiras. “A gente quando está educando, está evoluindo mentalmente sobre milhões de possibilidades. Se ele evolui, se ele cresce, se educa, provavelmente vai saber que o que ele está fazendo é errado e não só no trânsito. A gente está com a campanha Salve no Trânsito, onde estamos tentando dar palestras. É uma bandeira que a gente vai levar para a vida toda. A gente infelizmente está marcado e vamos continuar com educação, arte e cultura”, destacou.
Ele ainda revelou que outro coletivo poderá surgir na capital. “Outros projetos estão aparecendo, estou aconselhando e ajudando, de certa forma, um novo coletivo. Já fiz até a arte para eles, que é o coletivo Agridoce, que vai levar educação para crianças de hospitais e orfanatos. Quer queira, quer não, vamos continuar dando arte e cultura para o povo. Estamos transformando toda essa dor, essa angústia e essa ausência, no que a gente sabe fazer de melhor, que é dar luz, amor e resistir. A gente vai continuar, pois sabemos que o amor ajuda”, finalizou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Jader e Francisco das Chagas
Ver todos os comentários | 0 |