A Itália chegou nesta sexta-feira, 8, a um total de 30.201 mortes em decorrência da covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, com as 243 registradas no boletim apresentado pela agência de Defesa Civil.
A curva de contágio é ainda ligeiramente inferior, com 1.327 casos nas últimas 24 horas, metade deles na Lombardia, no norte do país, que continua sendo a região mais afetada pela pandemia.
O número total de casos desde que o vírus foi detectado na Itália, em 20 de fevereiro, é de 217.185, dos quais 99.023 já foram curados (mais de 2,7 mil entre ontem e hoje), segundo dados da Defesa Civil.
Já o número de positivos atuais, que agora está próximo aos 88 mil, também continua em queda, com 1.663 a menos que ontem. Além disso, os pacientes internados diminuíram em menos de 15 mil, e os internados em Unidades de Terapia Intensiva (1.168), 143 a menos do que ontem.
As regiões mais afetadas continuam sendo as do norte, com a Lombardia à frente, seguida por Piemonte e Emilia-Romaña.
Segundo o presidente do Instituto Superior de Saúde (ISS), Silvio Brusaferro, a curva de contágio está diminuindo. "Estamos caminhando para um número menor em todas as regiões", afirmou.
No entanto, ele indicou que até a próxima semana não será possível ter os dados relacionados ao impacto dos primeiros dias da retomada da atividade econômica e da reabertura, iniciada na última segunda-feira.
Os dados da epidemia indicam que na Itália, a taxa de contágio está agora entre 0,5% e 0,7% em todas as regiões, incluindo a Lombardia, apesar de hoje ter mais de 600 novos casos.
Na segunda etapa do desconfinamento, está prevista a abertura de lojas e museus para o dia 18 de maio e para o dia 1º de junho restaurantes, bares, cabeleireiros e empresas similares. No entanto, várias regiões e setores estão pressionando o governo a antecipar a reabertura.
A partir da próxima segunda-feira, o Ministério da Saúde e especialistas do ISS examinarão os dados para, a partir do dia 18, realizarem possíveis diferenciações regionais na reabertura.
Milão é 'como uma bomba', alerta virologista
A cidade de Milão "é como uma bomba" devido à grande quantidade de pessoas infectadas que circulam, correndo o risco de uma nova onda de contágios do coronavírus, alertou o conhecido virologista Massimo Galli.
"A situação de Milão é como uma bomba, porque muitas pessoas permaneceram trancadas em suas casas enquanto estavam infectadas" e não foram submetidas a testes, explicou Galli, diretor do departamento de doenças infecciosas do prestigioso hospital milanês Sacco, em entrevista ao jornal La Repubblica.
"Temos um número alto de pessoas infectadas que voltaram a circular", alertou, ao referir-se à retomada gradual das atividades industriais e comerciais iniciada na segunda-feira em toda a península.
"É fato que a reabertura das atividades apresenta problemas. É possível que nossa região (Lombardia, da qual Milão é a capital) tenha que voltar a decretar o confinamento, assim como em certas áreas de Piamonte e Emilia-Romaña", afirmou.
Fotos de muitas pessoas, grande parte delas sem máscara, caminhando pelos canais de Milão para tomar um aperitivo sob o sol, estamparam as capas dos jornais italianos nesta sexta-feira.
"Há momentos em que é legítimo sentir nojo e este é um deles: as fotos de quinta-feira dos canais são uma vergonha", lamentou o prefeito Giuseppe Sala em uma publicação no Facebook.
O prefeito não descarta decretar o fechamento da célebre região de Navigli, onde bares reabriram para atender pedidos de entrega, já que centenas de pessoas se aglomeraram para beber em grupos nas margens dos canais.
"Ou as coisas mudam a partir de hoje (...) ou tomo medidas, fecho Navigli e proíbo a entrega de comida de bares e restaurantes", ameaçou Sala, indignado.
Os italianos já podem sair para caminhar e andar de bicicleta, correr e até mesmo visitar parentes e amigos próximos, mas sempre respeitando as medidas de distanciamento social e contando com que usem máscaras, o que nem todos cumprem.
O presidente da região, Attilio Fontana, também teme um aumento da curva epidemiológica devido ao comportamento dos milaneses após dois meses de confinamento. "É o momento mais delicado, há muita gente nas ruas", reconheceu.
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