A Câmara de Comércio Exterior (Camex) resolveu nesta quarta-feira, 9, zerar a tarifa de importação do arroz, como antecipou o Estadão/Broadcast. O governo estabeleceu uma cota de 400 mil toneladas de arroz até o fim do ano que podem entrar no País sem a taxa. O montante vale para o arroz com casca e o beneficiado.
A redução poderá valer a partir de quinta-feira, 10, se for publicada em edição extra do Diário Oficial ainda desta quarta, ou a partir de sexta-feira, se a publicação for feita amanhã. Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a medida é "paliativa" e o arroz importado deve chegar com preço alto por causa da desvalorização do real (veja mais abaixo).
De acordo com fontes do Ministério da Agricultura, o total é considerado suficiente para ajudar a conter a subida no preço do arroz e garantir que não faltará produto nas prateleiras.
Neste ano, até agosto, o Brasil importou 45.087 toneladas de arroz com casca e 372.890 toneladas de arroz beneficiado (sem casca, parbolizado e polido).
O produto tem pouca importação no Brasil - a ideia é justamente tirar a taxa para que aumente a compra enquanto os preços internos estão altos.
O Estadão/Broadcast mostrou que, no fim de agosto, preocupado com o aumento dos preços no mercado interno, o governo brasileiro avaliava retirar temporariamente as tarifas de importação para o arroz, milho e soja.
Na reunião da Camex desta quarta, de acordo com fontes, será analisada a desoneração apenas para o arroz, cujo preço disparou nas últimas semanas, com o pacote de cinco quilos chegando a custar R$ 40 em alguns sites (normalmente, é vendido por cerca de R$ 15).
Na terça-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com ministros e a alta dos preços agrícolas foi o principal assunto da pauta. A alíquota de importação para países fora do Mercosul é de 12% para o arroz.
Arroz importado também deve ter preço alto por causa do dólar
A importação de arroz é uma medida paliativa e não resolverá a alta no preço do produto, disse ao Estadão/Broadcast o coordenador do núcleo econômico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Renato Conchon. Segundo o economista, com o real desvalorizado, mesmo sem imposto de importação a tendência é que o produto chegue às prateleiras a preços altos, a depender do tipo maior do que o cobrado pelo arroz brasileiro.
“Reduzir a tarifa vai propiciar mais importação, mas importar está mais caro. Pode ser uma medida paliativa, mas que vai ser impactada pelo cambio. O Brasil até encontra arroz no mercado mundial, mas a preços maiores, em dólar”, afirmou.
“Os preços dos alimentos subiram em todo o mundo. No caso do arroz, países produtores tiveram problemas de safra e, por conta da pandemia, muitos países resolveram não exportar por segurança”, avalia Conchon.
Para o coordenador, a redução do preço do produto brasileiro passa por diminuição nos custos de produção e fomento à produção interna, o que pode ter reflexo no médio prazo.
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Ministério da Justiça notifica supermercados por alta nos preços
Bolsonaro pede que donos de supermercados tenham 'patriotismo' e baixem os preços
Governo Federal pode zerar taxa de importação para o arroz, milho e soja
Ver todos os comentários | 0 |