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Campo Maior - Piauí

CRM-PI constata várias irregularidades no Hospital de Campo Maior

As reclamações chegaram ao conselho por meio de um áudio vazado que foi feito por Jardênia Ribeiro de Sousa, ex-diretora do hospital.

O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI), juntamente com o Ministério Público do Estado, realizou uma fiscalização no Hospital Regional do município de Campo Maior, após receber uma denúncia da ex-diretora da unidade de saúde, Jardênia Ribeiro de Sousa, que foi exonerada do cargo ao denunciar a situação do hospital.

  • Foto: Divulgação/AscomFiscalização realizada pelo CRM no hospitalFiscalização realizada pelo CRM no hospital

As reclamações chegaram ao conselho por meio de um áudio vazado que foi feito por Jardênia. Durante a fiscalização, a presidente do CRM-PI, Miriam Parente, explicou que foi constatado que as denúncias eram verídicas e que o hospital não apresenta condições para se manter com a renda recebida. “O hospital está sem condições financeiras e de suporte. A quantidade de renda do hospital não está suportando as despesas. Existem vários medicamentos que estão faltando, aproximadamente 20 tipos, fora outros itens de insumos. Além disso, eles estão com a quantidade de material de limpeza muito pequena, que dentro de um intervalo de tempo pequeno deva faltar os materiais”, relatou.


Segundo o CRM, o Hospital Regional de Campo Maior apresenta em torno de 140 profissionais e a renda recebida é de, aproximadamente, R$ 400 mil. Entretanto, cerca de R$ 239 mil são para pagar a folha de pagamento, além de outras despesas e sobram apenas R$ 70 mil para pagar fornecedores. Miriam Parente informou que são necessários mensalmente um montante de R$ 120 mil somente para a compra de medicamentos e material hospitalar. Além disso, o hospital acumula uma dívida com fornecedores de janeiro a agosto desse ano que já passa de R$ 400 mil.

  • Foto: Divulgação/AscomAs denúncias realizadas pela diretora do hospital foram confirmadasAs denúncias realizadas pela diretora do hospital foram confirmadas

A presidente do CRM-PI relatou também que, recentemente, um dos fornecedores de material descartável para a distribuição de quentinhas da cantina do Hospital de Campo Maior deixou de fornecer os produtos por falta de pagamento. Também não foi renovado o contrato com a empresa responsável pelos dosímetros de radiação, utilizados pelos técnicos em radiologia por falta de verba, comprometendo a proteção contra danos à saúde daqueles profissionais. Outro problema constatado foi que o hospital possui apenas duas ambulâncias básicas e que, no momento da fiscalização, apenas uma ambulância se encontrava presente ainda em péssimas condições de uso. O hospital não conta com nenhuma ambulância de suporte avançado.

Foi constatado ainda que cirurgias de algumas especialidades médicas, como ortopedia, não são realizadas diariamente, o que é esperado em um hospital regional, que atende Campo Maior e mais 15 municípios circunvizinhos. Quando não é possível realizar alguns tipos de cirurgias, os pacientes passam por regulação e são transferidos para Teresina.

O hospital também enfrenta vários problemas estruturais, como infiltrações, paredes e tetos deteriorados e as enfermarias possuem ar condicionados quebrados e os pacientes enfrentam o calor usando ventiladores.

O promotor da comarca de Campo Maior, Maurício de Sousa, acompanhou a fiscalização na quinta-feira (23). A presidente do conselho, Miriam Parente, afirmou que o representante do Ministério Público irá entrar com uma ação contra o hospital.

Áudio vazou

No áudio que foi vazado de um grupo de Whatsapp, na quarta-feira (22), a então diretora Jardênia Ribeiro avisa que o hospital estava fechando 30 leitos, que paciente com complicação seriam transferidos, além de que não havia medicamentos e alimentação para os internados.

"Estou passando esse áudio pra informar a todos os hospitais circunvizinhos, que Campo Maior hoje está fechando 30 leitos e passa hoje a transferir todos os seus internados com complicação maior. Nós estamos sem medicamentos, sem insumos, sem alimentação, e nós não temos condições de manter pacientes internados", diz trecho do áudio.

No mesmo dia, Jardênia deu entrevista a um portal de notícias da cidade negando as informações: "O HRCM tem uma capacidade de 110 leitos, mas hoje está operando acima da sua capacidade. A instituição recebe recursos materiais (alimentação, limpeza, insumos, etc.) e financeiros e possui recursos humanos suficientes para atender somente até 110 pacientes. Se a gente passa pra 120, 130, 140 pessoas fugimos à demanda do que foi previamente licitado para o limite de 110 leitos”, afirmou.

Ouça o áudio

Outro lado

Procurada pelo GP1 neste sábado (25), a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) ficou de encaminhar nota, o que não ocorreu até a publicação desta matéria.

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