O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública relatou à Polícia Federal que tem nove provas que confirmariam as suas acusações de ‘interferências políticas’ do presidente Jair Bolsonaro no comando da corporação. Em longo depoimento de oito horas em Curitiba, o ex-juiz da Lava Jato listou o que embasariam suas declarações.
Entre as provas indicadas por Moro, além do seu próprio depoimento, estão as mensagens trocadas com Bolsonaro, na qual o presidente encaminha notícia do portal O Antagonista sobre inquérito da PF mirar aliados políticos do Planalto e diz: ‘Mais um motivo para troca’. Segundo Moro, outras mensagens também foram disponibilizadas à PF.
Moro cita protocolos de relatórios de inteligência produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), produzidos com base em informações repassadas pela Polícia Federal e que eram entregues ao presidente, que provariam que Bolsonaro já tinha acesso a informações de inteligência que legalmente tinha direito.
Os depoimentos futuros do ex-diretor-geral Maurício Valeixo e do ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, poderiam provar as acusações de Moro sobre a insistência de Bolsonaro em trocar o comando da corporação fluminense. No ano passado, Saadi foi exonerado do cargo por motivo familiar e o presidente tentou emplacar um nome de sua confiança alegando que a exoneração era por ‘falta de produtividade’, justificativa rechaçada pela cúpula da PF.
Moro também lista ‘todo o histórico’ de declarações públicas de Bolsonaro em que pressionava a troca de comando da PF Rio, desde agosto do ano passado, e as recentes, sobre as mudanças na direção-geral da corporação.
Veja abaixo as nove provas listadas por Moro:
1. Depoimento à Justiça Federal, prestado no dia 2 de maio na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
2. Mensagens trocadas com Bolsonaro no dia 23 de abril, incluindo a que o presidente diz ‘Mais um motivo para a troca’ e outras mensagens ‘ora disponibilizadas’.
3. Todo o histórico de pressões do presidente para a troca de comando da Superintendência da PF no Rio, por duas vezes, e da direção-geral da PF, citando a ocasião, em agosto do ano passado, em que Bolsonaro afirmou que trocaria o comando da corporação fluminense ‘por falta de produtividade’ e emplacaria um nome de sua escolha.
4. Declarações do próprio presidente em seu pronunciamento, nas quais admite a intenção de trocar dois superintendentes, inclusive, o do Rio de Janeiro, sem apresentar motivos.
5. As declarações de Bolsonaro na reunião do conselho de ministros no dia 22 de abril, gravadas pelo Planalto, em que o presidente disse que iria ‘interferir em todos os ministérios’ e trocaria o ministro da Justiça se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio.
6. Protocolos de relatórios de inteligência produzidos pela Abin produzidos com base em informações repassadas pela PF e que demonstram que o presidente já tinha acesso às informações de inteligência da PF as quais legalmente tinha direito.
7. Protocolos de relatórios da Diretoria de Inteligência da PF.
8. Declarações, a serem feitas, pelo ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo e o ex-superindente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi.
9. Mensagens trocadas com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), incluindo a que ela oferece ao ex-juiz da Lava Jato influência com o presidente para indicá-lo a uma vaga no Supremo Tribunal Federal em troca de Alexandre Ramagem na Polícia Federal.
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