A advogada Lidiane Valente, que faz a defesa na área cível de Moaci Júnior, afirmou ao GP1 que o seu cliente tem respeitado todas as medidas estabelecidas pela Justiça, já pagou as indenizações e que a sua vida foi prejudicada, já que não pode não trabalhar e precisa estar em casa até às 21h. Ela destacou que seu cliente já pediu perdão e que ele quer retomar a sua vida. Moaci Júnior é acusado da morte dos irmãos Bruno Queiroz e Francisco das Chagas Júnior, e por deixar ferido Jader Damasceno em um acidente de trânsito ocorrido em 2016.
A manifestação da advogada é em direito de resposta a matéria publicada no GP1 no dia 14 de janeiro, intitulada de “Moaci Júnior nunca demonstrou remorso com as vítimas, diz defesa de Jader”. Lidiane Valente é advogada que representa Moaci no processo cível que trata sobre a questão das indenizações. Já em relação a ação penal quem atua é o advogado Faustino Lima.
- Foto: DivulgaçãoMoaci Júnior é acusado de matar irmãos do coletivo Salve Rainha
Segundo Lidiane, foi paga uma indenização de cerca de R$ 180 mil para Francisco das Chagas, pai dos irmãos Bruno Queiroz e Francisco Júnior, e de R$ 18 mil para Jader Damasceno. A advogada afirmou que não existe mais necessidade de ficar tocando no assunto, pois seu cliente cumpriu com o que era determinado.
“Os processos cíveis finalizaram que são das indenizações, mas o processo penal está ainda em aberto, tramitando normalmente. Agora o Moaci Júnior recebeu o direito de ficar em casa, desde que cumpra as medidas cautelares e ele está cumprindo. A família dele ficou dilacerada, o Bruno comprava carne no açougue do Moaci, então eles se conheciam, não eram amigos, mas se viam sempre, conversavam, então imagine a dor da família também. A mãe do Moaci ficou arrasada, então é uma dor que não apaga, mas também o que se pode fazer? O que querem que o Moaci faça? Porque todas as determinações ele cumpriu. Sinto muito pelo acidente, mas não foi premeditação. Ele bebeu, mas foi um acidente”, afirmou.
Ela explicou que agora esperam a sentença da juíza Lucicleide Pereira Belo, titular da 8ª Vara Cível da comarca de Teresina. “Na verdade falta doutora Lucicleide sentenciar, mas as obrigações financeiras, já foram cumpridas. Falta só a sentença para dizer que terminou, porque em todo processo tem a sentença para poder cumprir, poder pagar né. Nesse processo, a coisa foi o contrário, primeiro a gente pagou e estamos esperando a sentença. Um ponto [comercial] foi transferido para o senhor Chagas, o Corolla foi transferido, a quitinete, então ele ficou com a vida até melhor. Então por favor, o que querem mais? O Jader disse no processo que a gente não se interessou em pagar a medicação, a gente pediu essa medicação, para que se juntasse aos autos, mas ele nunca juntou. O que foi juntado foi uns colírios de R$ 10 reais e a indenização dele foi de quase R$ 20 mil, então deu para comprar”, disse a advogada de defesa.
- Foto: Lucas Dias/GP1Jader e Francisco das Chagas
Perdão
A advogada destacou que não é verídica a informação de que Moaci nunca demonstrou remorso e afirmou que ele já pediu perdão para Jader. “Inclusive teve uma audiência na Justiça, onde o Moaci pediu perdão ao Jader, isso foi na frente de todo mundo. Foi um ato muito emocionante. O Jader estava muito na defensiva, o que é natural, mas depois ele se acalmou e pelo menos em palavras, disse que ia esquecer. Ele não disse que perdoou, o que é difícil, eu entendo. Então eu não entendo o motivo de estar rememorando essa história com mentiras, dizendo que ele não se arrependeu e coloca a foto dele sorrindo. Isso nunca existiu, claro que ele se arrepende”, destacou.
Ela explicou que o acusado não tinha a intenção de cometer o acidente. “Foi um acidente, uma fatalidade. O Moaci não saiu de casa afirmando que que iria matar. Não, pelo amor de Deus. Não é assim que acontece. As pessoas precisam entender que acidente é uma coisa, premeditação é outra. Querem colocar o Moaci como se ele tivesse premeditado. É um acidente que pode acontecer comigo, com você, com qualquer pessoa. Foi uma fatalidade. A lei diz que a pessoa tem que responder por isso, e é o que está acontecendo. O Moaci Júnior está respondendo por essa fatalidade e não tem o que estar questionando”, afirmou a advogada.
Recomeço
Lidiane Valente disse que Moaci entende que cometeu um erro, mas que ele já cumpriu com o que a Justiça determinou e que precisam deixar ele seguir com a sua vida.
“A vida dele mudou para pior, não pode sair de casa, medidas restritivas. Está pagando pelos erros que ele cometeu. Ele vai cumprir todas as obrigações, mas ficar com ausência de verdade em publicação, complica para a gente. Tudo foi cumprido. Não está faltando nada. A história acabou. Infelizmente a gente não pode ressuscitar as pessoas e nem podemos voltar ao passado. O Jader tem um programa de TV que é o maior sonho dele, inclusive tem uma fala dele no processo onde ele dizia que o acidente tinha interrompido o sonho dele de ter um programa de TV, e agora ele tem. Ele é super competente. Então é preciso levar a vida para a frente, a pessoas cumprem as obrigações e pronto. Não tem o que se fazer. O que eles querem que o Moaci faça? Que morra também?”, questionou.
Lidiane disse que toda a família do Moaci foi prejudicada, que também está passando por um momento difícil e que isso precisa ser respeitado. “Até agora a família se manteve reservada, mas está chegando em um ponto que já está tudo cumprido, não estão devendo nada. Perderam muitas coisas, pois a Justiça mandou dar [para o Francisco Chagas] quitinete, Corolla, dinheiro, tudo que foi feito judicialmente foi feito”, afirmou.
- Foto: Divulgação/Lucas Dias/GP1Os irmãos Bruno Queiroz e Francisco das Chagas Júnior morrem após o acidente e Jader Damasceno, que sobreviveu
Ela disse que atualmente o acusado “está com medida restritiva, ele está quase com prisão domiciliar, ele não pode trabalhar, não pode sair, dirigir, não pode ir para festa, não pode fazer nada, está quase preso, às 21h da noite tem que estar em casa, ele faz faculdade a noite, mas ele tem que sair mais cedo. Ele está com processo em aberto, então a justiça determinou isso e ele está cumprindo. Ele teve essa deferência porque é réu primário, teve bom comportamento, porque trabalhou na prisão, ele não fez alarde com ninguém, é uma pessoa tranquila, então o Jader tem que entender que a lei é assim, não é coisa nossa. Par que ficar rememorando esse assunto, a troco de quê?”.
A advogada afirmou que encaminharia ao GP1 documentação referente ao processo, o que não ocorreu até o fechamento dessa matéria.
Entenda o caso
Moaci Moura da Silva Júnior é acusado de provocar uma colisão, em junho de 2016 em Teresina, que matou os irmãos Bruno Queiroz e Francisco das Chagas Júnior, idealizadores do coletivo Salve Rainha, e de ferir gravemente o jornalista Jader Damasceno. Os desembargadores Sebastião Martins, Pedro Macedo e Eulália Teixeira decidiram negar o recurso e mantiveram a decisão do juiz Antônio Reis Nolêto, de submeter Moaci ao julgamento no Tribunal do Júri.
Os advogados de Moaci tentaram pedir a desclassificação do crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar, para homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A mudança no tipo de crime esquivaria Moaci do julgamento pelo Tribunal Popular do Júri.
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