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Mario Draghi renuncia e Itália terá eleições em 25 de setembro

Enfrentando uma crise política grave, o primeiro-ministro perdeu o apoio de aliados de direita.

A Itália vai realizar eleições gerais antecipadas em 25 de setembro, após a renúncia do primeiro-ministro Mario Draghi, confirmada nesta quinta-feira, 21. A data da votação foi definida em uma reunião do Conselho de Ministros, liderado por Draghi.

Mais cedo, o presidente do país, Sergio Mattarella, assinou o decreto que dissolvia as duas câmaras do Parlamento, o que exigia que as eleições fossem realizadas dentro de 70 dias, como diz a Constituição.


Draghi, que assim como os ministros permanece no cargo interinamente até a formação do novo governo, renunciou após perder o apoio de uma parte significativa da coalizão de união nacional que ele liderava desde fevereiro de 2021. Foi o segundo pedido de renúncia apresentado por Draghi em duas semanas.

O premiê apresentou a renúncia ao presidente durante uma reunião no Palácio do Quirinal, em Roma. O presidente pediu que o governo de Draghi permaneça de forma interina, até que um plano de sucessão fosse apresentado.

O governo de unidade nacional de Draghi implodiu de forma definitiva na quarta-feira, 20, depois que integrantes da coalizão de governo rejeitaram o apelo do premiê por um “novo pacto” até o fim do mandato. Os principais desembarques da aliança de governo foram os partidos de direita Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a Liga, liderada por Mateo Salvini, além do antissistema Movimento 5 Estrelas, que boicotaram uma votação de confiança no Senado.

“Obrigado por todo o trabalho feito juntos neste período”, disse Draghi à Câmara dos Deputados antes de ir ver Mattarella na manhã desta quinta. Claramente comovido pelos aplausos, ele repetiu uma piada de que até os chefes dos bancos centrais têm coração.

Jornais italianos na quinta-feira se uniram em sua indignação com o fim do governo, já que a Itália está lidando com a inflação crescente e com uma crise de custos de energia, os efeitos da guerra na Ucrânia e reformas pendentes necessárias para garantir o restante dos € 200 bilhões da UE em fundos de recuperação.

“Vergonha”, titulava La Stampa na primeira página. “Itália traída”, disse La Repubblica. “Adeus ao governo de Draghi”, disse o Corriere della Sera.

Mattarella recorreu ao ex-chefe do Banco Central Europeu - conhecido como “Super Mario” por sua atuação no órgão europeu - para tirar a Itália de uma crise aguda no ano passado, durante a pandemia da covid-19, para lançar as bases de uma recuperação.

Mas o Movimento 5 Estrelas, partido mais votado nas eleições nacionais de 2018, demonstrava irritação há meses porque algumas de suas prioridades, como renda básica e salário mínimo, estavam sendo ignoradas. Na semana passada, a legenda boicotou um voto de confiança vinculado a um projeto de lei destinado a ajudar os italianos a enfrentar a crise, levando Draghi a oferecer sua renúncia pela primeira vez.

Mattarella rejeitou o primeiro pedido e solicitou a Draghi que voltasse ao Parlamento para retomar negociações com os parlamentares. Ele fez isso na quarta-feira ao apelar aos líderes do partido para ouvir os pedidos de unidade.

“Vocês não precisam me dar a resposta. Vocês têm de dar resposta a todos os italianos”, disse ele aos legisladores. O mandato de cinco anos da legislatura deveria expirar em 2023.

Pesquisas de opinião indicaram porcentagens iguais para o Partido Democrata de centro-esquerda e o partido de direita Irmãos da Itália, que permaneceu na oposição à coalizão de Draghi.

O líder democrata Enrico Letta ficou furioso com o resultado, dizendo que o Parlamento havia traído a Itália e instando os italianos a responder nas urnas. “Deixe os italianos mostrarem na votação que são mais inteligentes que seus representantes”, tuitou.

O Irmãos da Itália há muito são aliados da Forza Italia, de centro-direita, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e da Liga de Matteo Salvini, sugerindo que uma aliança de centro-direita provavelmente prevaleceria em qualquer eleição e impulsionaria a líder da sigla, Giorgia Meloni, que busca eleições antecipadas desde antes do início da crise.

“A vontade do povo se expressa de uma forma: votando. Vamos devolver esperança e força à Itália”, disse ela.

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