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Israel se aproxima de países árabes para abater drones do Irã

Eliminação dos equipamentos faz parte de um novo projeto militar, endossado por Biden em visita.

Na madrugada de 15 de março de 2021, pilotos israelenses avistaram dois drones, com cerca de 8 metros de largura, vindos do Irã. As naves aceleravam em direção ao oeste de Israel, quando foram abatidas por caças do país dentro de um espaço aéreo árabe. O episódio, até então secreto, foi um dos primeiros exemplos bem-sucedidos de um novo relacionamento militar entre Israel, Estados Unidos e parceiros árabes, como Marrocos, Bahrein e Emirados Árabes Unidos. Agora, Joe Biden busca consolidar de maneira formal essa nova aliança, durante a visita ao Oriente Médio nesta semana.

A operação, confirmada por dois oficiais israelenses e por gravações da comunicação entre os pilotos, mostra como Israel, antes isolado no Oriente Médio por causa da solidariedade árabe com os palestinos, vêm desenvolvendo novas alianças militares na região. Anunciado no mês passado, a iniciativa Middle East Air Defense (Defesa Aérea do Oriente Médio) é uma tentativa de reforçar a proteção da região contra drones. A ideia é permitir que os países participantes alertem uns aos outros instantaneamente sobre ataques, por meio da coordenação dos EUA.


Na última década, o Irã e seus representantes no Iêmen, Líbano, Síria e Iraque aumentaram o número de ataques por drone contra Israel, bases americanas na região, estados sunitas e instalações petrolíferas nos Emirados Árabes e na Arábia Saudita.

Além dos danos causados, aeronaves não tripuladas são menores e mais lentas. Por isso, é mais difícil detectá-las, o que explicaria a criação do projeto. No futuro, Israel espera que os participantes da Middle East Air Defense estejam conectados ao mesmo sistema de radar, eliminando a necessidade de avisos. “Todo mundo verá o mesmo feed na tela”, disse Ran Kochav, porta-voz do Exército e ex-comandante da defesa aérea de Israel.

No episódio mencionado, Israel solicitou permissão para entrar no espaço aéreo de um país árabe para interceptar os drones, o que indicaria que a parceria entre os países do novo grupo já teria começado. O local não foi confirmado pelas autoridades, mas especula-se que teria sido na Jordânia, país amigável na fronteira leste de Israel.

Os israelenses esperam que Biden faça um pronunciamento formal sobre o projeto durante sua visita. Porém, participantes árabes estão relutantes em confirmar o envolvimento e as novas alianças militares com Israel. “Existe um acordo de cooperação, e está aqui para ficar, mas está longe de se desenvolver em um sistema unificado”, disse Abdulkhaleq Abdulla, especialista em política e diplomacia do Golfo.

A discussão de uma nova aliança destaca ainda o ganho derivado de três acordos diplomáticos que Israel selou com Bahrein, Marrocos e Emirados Árabes em 2020, com apoio do então presidente americano Donald Trump. Os acordos permitiram que esses países impulsionassem seus comércios e investimentos, mas destaca-se também o crescente relacionamento militar entre eles.

Além disso, o Ministério da Defesa de Israel assinou acordos públicos com Bahrein e Marrocos que facilitou a coordenação e o compartilhamento de equipamentos militares entre os três. A exemplo disso, Israel promoveu recentemente uma conexão militar com o Bahrein, como parte de uma iniciativa regional para combater a pirataria. Em novembro, as marinhas israelense e bahreinita treinaram juntas no Golfo Pérsico, ao lado da Marinha dos EUA. Já o chefe da Força Aérea dos Emirados também participou de um exercício militar israelense em outubro, o que pode acontecer anualmente com treinamentos ao lado de forças aéreas ocidentais.

Autoridades e analistas dizem que o projeto anti-drone é o mais concreto entre essas novas alianças militares, sendo impulsionado por um desejo de melhor coordenação. Para Amos Yadlin, ex-chefe da inteligência militar israelense, embora os novos parceiros árabes de Israel não vejam o programa nuclear do Irã como uma ameaça tão terrível quanto Israel, todos eles estão preocupados com os drones, disse Amos Yadlin. “Uma OTAN no Oriente Médio faz pouco sentido. Não achamos que os israelenses iriam lutar com os sauditas no Iêmen, e não achamos que os emirados virão lutar com Israel em Gaza”, comenta Yadlin.

Um ataque de drone iraniano à Aramco, companhia petrolífera nacional saudita, em setembro de 2019, aumentou a sensação de alarme sobre a crescente ameaça – não apenas em Israel, mas nos Estados Unidos e em todo o mundo árabe sunita. Isso potencializou os esforços americanos e israelenses em criar um programa regional de cooperação. Esses laços mais fortes já permitiram que a Força Aérea de Israel treinasse no espaço aéreo de países árabes aliados – um desenvolvimento revolucionário para uma força anteriormente restrita ao espaço aéreo congestionado e estreito de Israel. Com o tempo, Israel espera que os benefícios de tal aliança possam tornar seus parceiros árabes mais abertos sobre seu envolvimento.

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