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Palestinos se unem em greve contra políticas de Israel

Centenas de milhares saíram às ruas de Israel e e fecharam suas lojas em protesto pelos bombardeios.

Centenas de milhares de árabes-israelenses cruzaram os braços nesta terça-feira, 18, em Israel assim como trabalhadores na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, em protesto contra os ataques do Exército israelense em Gaza e os confrontos dentro de Israel e as expulsões de vártias famílias de Jerusalém Oriental.

Ruas ficaram desertas em diversas regiões árabes. Em Jaffa, no centro de Israel, as lojas estavam todas fechadas e as cenas dos mercados de rua movimentados deram lugar ao silêncio, quebrado apenas pelo barulho de carros e motos.


Em cidades da Cisjordânia, como Belém, Ramallah e Hebron, as ruas também estavam vazias. Os palestinos se reuniram em algumas praças com cartazes e bandeiras palestinas, fizeram discursos e entoaram cantos contra a polícia israelense.

Nos arredores de Ramallah, um grupo de palestinos, que se reuniu separadamente dos manifestantes, entrou em confronto com soldados israelenses que acabou em troca de tiros.

Como centenas de milhares de palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas em 1948, eles foram divididos não apenas pela geografia, mas também pela experiência vivida.

Eles estavam espalhados por Gaza, Cisjordânia e todo o Oriente Médio, bem como o próprio Estado de Israel. Alguns lutaram sob diferentes formas de ocupação militar, enquanto outros receberam cidadania israelense - diluindo sua identidade comum.

Mas nesta terça-feira, milhões deles se reuniram em uma greve geral para protestar contra o tratamento compartilhado por Israel, no que muitos palestinos descreveram como uma rara demonstração de unidade política.

Mustafa Barghouti, um político independente que participou de um comício no centro de Ramallah na manhã desta terça-feira, disse que os protestos constituíram "um dia muito significativo". “Isso reflete como os palestinos agora têm uma luta unificada contra o mesmo sistema de apartheid”, acrescentou.

Israel rejeita as acusações de apartheid feitas pelos palestinos, uma denúncia agora assumida por um número pequeno, mas crescente, de defensores dos direitos humanos, incluindo a Human Rights Watch no mês passado.

Autoridades israelenses dizem que a ocupação da Cisjordânia é uma medida temporária até que um acordo de paz seja alcançado. E o bloqueio de Gaza, dizem elas, é uma medida de segurança para impedir que o Hamas, grupo militante islâmico que controla o território e se opõe à existência de Israel, adquira armas. Elas também destacam que os cidadãos árabes de Israel têm o direito de votar e eleger legisladores, têm representação no Parlamento de Israel e, muitas vezes, chegam a cargos como juízes e funcionários públicos de alto escalão.

Mark Regev, um conselheiro do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, disse ao New York Times no mês passado: "Alegar que as políticas israelenses são motivadas pelo racismo é infundado e ultrajante, e menospreza as ameaças de segurança muito reais representadas por terroristas palestinos a civis israelenses".

Mas muitos palestinos de ambos os lados da fronteira entre Israel e os territórios ocupados dizem que são vítimas do mesmo sistema de opressão -- que opera com vários graus de intensidade e oferece aos árabes vários graus de liberdade, mas, em última análise, busca afirmar supremacia judaica onde quer que esse sistema esteja em vigor.

“Somos uma grande família”, disse Enass Tinah, pesquisador de 46 anos no protesto de Ramallah. “É o mesmo sofrimento.”

Alguns não participaram da greve - incluindo trabalhadores de saúde no norte de Israel, que sentiam que tinham uma necessidade moral de continuar trabalhando, e os residentes árabes de Abu Ghosh, uma cidade a oeste de Jerusalém conhecida por suas boas relações entre árabes e judeus.

Outros palestinos simplesmente viram a greve como uma oportunidade de mostrar solidariedade a Gaza e de fortalecer os apelos por um Estado palestino independente. Para alguns, a greve, e a unidade que ela implica, foi um sinal de uma nova era para a causa palestina.

Mas, para Enass Tinah, a velha esperança de uma Palestina independente agora parecia improvável. Para o pesquisador, um único Estado para palestinos e judeus, com direitos iguais para ambos, agora parece um objetivo melhor. “É para isso que estamos nos movendo”, disse. “Um Estado com direitos iguais para todos os cidadãos. Não sei como é isso, mas acho que este é o novo caminho”, acrescentou.

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