O governo francês decidiu suspender "até novo aviso" todos os voos entre Brasil e França por causa de preocupações em torno da covid-19, anunciou nesta terça-feira o primeiro-ministro Jean Castex.
"Constatamos que a situação está se agravando e por isso decidimos suspender até novo aviso todos os voos entre Brasil e França", explicou o chefe de governo durante sessão de perguntas na Assembleia Nacional.
Com mais de 99.000 mortos e quase 6.000 pacientes em unidades de terapia intensiva, a França ainda sofre com a terceira onda de coronavírus e os indicadores não mostram melhora, deixando em aberto a questão sobre um relaxamento das restrições.
Pressão para suspender voos
A pressão para suspender os voos para o Brasil cresceu na França. O líder da oposição conservadora na Assembleia Nacional, deputado Damien Abad, disse nesta terça-feira, 13, que o fechamento das fronteiras é "útil e absolutamente necessário", no momento em que especialistas alertam sobre a gravidade da pandemia no Brasil e recomendam a adoção de um isolamento obrigatório e vigiado de pelo menos 10 dias a todos os viajantes provenientes do país.
O pediatra Rémi Salomon, presidente da comissão profissional de médicos que trabalham nos 39 hospitais públicos da região parisiense, defende que a França faça como Portugal, que interrompeu temporariamente voos provenientes do Brasil.
Até o momento, a variante brasileira P1 representa apenas 0,5% dos casos diagnosticados no território francês, onde a cepa britânica é predominante. Mas devido à falta de controle da epidemia no Brasil, as mutações tendem a se multiplicar e se tornar resistentes às vacinas, advertem os especialistas.
O ministro francês dos Transportes, Jean Baptiste Djebbari, afirmou ontem que a França é obrigada a manter as conexões aéreas com o Brasil, segundo um parecer do Conselho de Estado, instância que avalia o cumprimento da Constituição. "O Conselho de Estado nos disse que cidadãos franceses e residentes na França, em nome da liberdade de circulação, devem poder continuar a vir, o que não foi o caso de Portugal ou de outros países", explicou.
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