O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, Gao Fu, admitiu que a eficácia das vacinas contra a covid-19 em seu país não é alta, e destacou que Pequim estuda a mistura de vários imunizantes para aumentar a eficácia do antígeno. Em reportagem do jornal South China Morning Post, de Hong Kong, Gao disse em uma conferência na cidade chinesa de Chengdu que a China está avaliando dois caminhos para melhorias "para resolver o problema de que a eficácia das vacinas atuais não é tão alta".
Uma delas seria ajustar a inoculação - seja aumentando a dose, o número de doses ou o espaçamento entre elas - e a outra, combinando vacinas de diferentes tipos de tecnologia. De acordo com o jornal de Hong Kong, “é a primeira vez que um cientista chinês discute publicamente a eficácia relativamente baixa das vacinas chinesas”.
No entanto, em uma entrevista ao jornal estatal Global Times, Gao considerou que a mídia interpretou mal suas palavras como uma admissão de que as vacinas chinesas não são muito eficazes. "As taxas de proteção de todas as vacinas no mundo são às vezes altas e às vezes baixas. Melhorar sua eficácia é uma questão que os cientistas ao redor do mundo devem se perguntar", disse Gao ao periódico. “Nesse sentido, sugiro que pensemos em ajustar o processo de vacinação, bem como o número de doses e intervalos, e adotar a vacinação sequencial com diferentes tipos de antígenos”, acrescentou.
Por sua vez, o especialista em vacinas Tao Lina, presente na conferência deste sábado, 10, em Chengdu, indicou: “Os níveis de anticorpos gerados pelas nossas vacinas (chinesas) são inferiores aos do RNA mensageiro (tecnologia utilizada pelas vacinas da Pfizer e Moderna), e os dados de eficácia também são mais baixos. Então acho que é uma conclusão natural que nosso vírus inativado e as vacinas de vetor de adenovírus são menos eficazes do que as vacinas de RNA mensageiro", disse para o South China Morning Post.
No momento, a China aprovou o uso emergencial de quatro vacinas para covid-19: duas desenvolvidas pela farmacêutica Sinopharm (ambas de vírus inativado), uma pela Sinovac (vírus inativado) e outra pela CanSino (vetor viral não replicante ). No caso da vacina Sinovac, os ensaios clínicos foram realizados fora da China e tiveram taxas de eficácia diferentes: enquanto os ensaios realizados na Turquia apresentaram eficácia de 91,25%, os dados fornecidos pela Indonésia apontaram para 65,3% e o Brasil baixou o percentual para 50,4 %, uma semana após anunciar 78%.
As taxas de eficácia das vacinas Sinopharm estão entre 72,5% e 79%, enquanto CanSino afirma que seu antígeno é 75% eficaz. No dia 31 de março, o grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que estuda vacinas contra covid-19 explicou que está terminando suas análises das desenvolvidas na China pela Sinovac e pela Sinopharm, e nos próximos dias confirmará se vai ou não autorizar seu uso emergencial.
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