Um ano após milhares de manifestantes terem saído às ruas da Síria pela primeira vez exigindo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, o futuro da revolução na Síria ainda é incerto.
Com um saldo de mortos estimado em 8 mil e crescentes temores de que a guerra civil instale disputas entre grupos religiosos rivais, o confronto ainda divide as potências na ONU, onde Rússia e China têm vetado resoluções contra o regime.
Nesta quinta-feira, enquanto refugiados tentavam cruzar a fronteira com a Turquia, setores simpáticos a Assad fizeram protestos a favor do regime em Damasco e em outras cidades. A TV estatal mostrou imagens de milhares de pessoas com bandeiras e retratos do presidente.
Entre as principais organizações de direitos humanos mundiais, no entanto, o tom é de condenação e revolta pelo que consideram ser uma posição de inércia da comunidade internacional.
Em comunicado, 200 grupos humanitários de 27 países - entre eles Human Rights Watch, Christian Aid, Instituto de Estudos de Direitos Humanos do Cairo (CIHRS, na sigla em inglês), Civicus e a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) - apelam ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a se unir e aprovar uma resolução condenando o regime sírio pelo uso de violência, tortura e prisões arbitrárias de civis.
"Durante um ano inteiro vimos o aumento do número de mortos na Síria, que chegou ao total horripilante de mais de 8.000, incluindo centenas de crianças", disse Ziad Abdel Tawab, vice-diretor do CIHRS.
"Já não é chegada a hora de o mundo se unir e tomar medidas efetivas para interromper isso agora?", questiona.
Outro motivo de preocupação é a fuga dos sírios para países vizinhos, levando à formação de campos de refugiados.
"O número de refugiados sírios atualmente na Turquia aumentou em mil em apenas um dia e subiu para um total de 14.700", disse nesta quinta-feira o porta-voz da diplomacia turca, Selcuk Unal.
A crise na Síria faz parte do que se convencionou chamar de Primavera Árabe, onda de protestos que teve origem na Tunísia e se espalhou pelo norte da África e o Oriente Médio.
Os protestos derrubaram governos na Tunísia, no Egito, provocaram reformas no Marrocos e na Jordânia, a transição política no Iêmen e um conflito armado na Líbia.
Alternativas
Souher Belhassen, presidente do FIDH, disse que os sírios "sobreviveram com coragem surpreendente a um ano de um banho de sangue e crimes sistemáticos enquanto o mundo simplesmente assistiu a tudo isso".
"A comunidade internacional deve se unir e ajudar os sírios a encerrar esse horror", acrescentou.
Diante do crescente saldo de mortos e do impasse internacional sobre como reagir ao conflito, o grupo de organizações humanitárias exigiu que o regime de Assad garanta acesso "total e irrestrito" monitores de direitos humanos e jornalistas às regiões onde ocorrem os confrontos.
Além da criação dos corredores humanitários, as potências ocidentais e seus aliados na região, entre eles Arábia Saudita e Turquia, vêm discutindo a possibilidade de armar a oposição.
A ideia, no entanto, recebe apreciações conflitantes já que entre os opositores sírios existem grupos rivais e de diferentes orientações religiosas, o que pode facilmente acender disputas sectárias.
Nesta quinta-feira, o chanceler francês, Alain Juppé, disse que armar os rebeldes poderia levar a uma guerra civil "catastrófica" e que entre os grupos estão cristãos, alauítas, sunitas e xiitas.
ONU e Liga Árabe
No comunicado, as organizações internacionais pediram ainda que as potências apoiem a missão do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, o ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan.
O diplomata se encontrou com Assad no último fim de semana, quando expôs um plano que inclui um cessar-fogo de ambas as partes, acesso ao auxílio humanitário e o início de um diálogo político.
Annan deve se reportar ao Conselho de Segurança nesta sexta-feira para divulgar o conteúdo da reunião e os avanços na frente diplomática.
O porta-voz da diplomacia síria, Jihad al-Maqdisi, disse que a resposta de Assad ao plano exposto pelo enviado especial tinha sido positiva e que seu objetivo é que a missão seja bem sucedida.
Com um saldo de mortos estimado em 8 mil e crescentes temores de que a guerra civil instale disputas entre grupos religiosos rivais, o confronto ainda divide as potências na ONU, onde Rússia e China têm vetado resoluções contra o regime.
Nesta quinta-feira, enquanto refugiados tentavam cruzar a fronteira com a Turquia, setores simpáticos a Assad fizeram protestos a favor do regime em Damasco e em outras cidades. A TV estatal mostrou imagens de milhares de pessoas com bandeiras e retratos do presidente.
Entre as principais organizações de direitos humanos mundiais, no entanto, o tom é de condenação e revolta pelo que consideram ser uma posição de inércia da comunidade internacional.
Em comunicado, 200 grupos humanitários de 27 países - entre eles Human Rights Watch, Christian Aid, Instituto de Estudos de Direitos Humanos do Cairo (CIHRS, na sigla em inglês), Civicus e a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) - apelam ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a se unir e aprovar uma resolução condenando o regime sírio pelo uso de violência, tortura e prisões arbitrárias de civis.
"Durante um ano inteiro vimos o aumento do número de mortos na Síria, que chegou ao total horripilante de mais de 8.000, incluindo centenas de crianças", disse Ziad Abdel Tawab, vice-diretor do CIHRS.
"Já não é chegada a hora de o mundo se unir e tomar medidas efetivas para interromper isso agora?", questiona.
Outro motivo de preocupação é a fuga dos sírios para países vizinhos, levando à formação de campos de refugiados.
"O número de refugiados sírios atualmente na Turquia aumentou em mil em apenas um dia e subiu para um total de 14.700", disse nesta quinta-feira o porta-voz da diplomacia turca, Selcuk Unal.
A crise na Síria faz parte do que se convencionou chamar de Primavera Árabe, onda de protestos que teve origem na Tunísia e se espalhou pelo norte da África e o Oriente Médio.
Os protestos derrubaram governos na Tunísia, no Egito, provocaram reformas no Marrocos e na Jordânia, a transição política no Iêmen e um conflito armado na Líbia.
Alternativas
Souher Belhassen, presidente do FIDH, disse que os sírios "sobreviveram com coragem surpreendente a um ano de um banho de sangue e crimes sistemáticos enquanto o mundo simplesmente assistiu a tudo isso".
"A comunidade internacional deve se unir e ajudar os sírios a encerrar esse horror", acrescentou.
Diante do crescente saldo de mortos e do impasse internacional sobre como reagir ao conflito, o grupo de organizações humanitárias exigiu que o regime de Assad garanta acesso "total e irrestrito" monitores de direitos humanos e jornalistas às regiões onde ocorrem os confrontos.
Além da criação dos corredores humanitários, as potências ocidentais e seus aliados na região, entre eles Arábia Saudita e Turquia, vêm discutindo a possibilidade de armar a oposição.
A ideia, no entanto, recebe apreciações conflitantes já que entre os opositores sírios existem grupos rivais e de diferentes orientações religiosas, o que pode facilmente acender disputas sectárias.
Nesta quinta-feira, o chanceler francês, Alain Juppé, disse que armar os rebeldes poderia levar a uma guerra civil "catastrófica" e que entre os grupos estão cristãos, alauítas, sunitas e xiitas.
ONU e Liga Árabe
No comunicado, as organizações internacionais pediram ainda que as potências apoiem a missão do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, o ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan.
O diplomata se encontrou com Assad no último fim de semana, quando expôs um plano que inclui um cessar-fogo de ambas as partes, acesso ao auxílio humanitário e o início de um diálogo político.
Annan deve se reportar ao Conselho de Segurança nesta sexta-feira para divulgar o conteúdo da reunião e os avanços na frente diplomática.
O porta-voz da diplomacia síria, Jihad al-Maqdisi, disse que a resposta de Assad ao plano exposto pelo enviado especial tinha sido positiva e que seu objetivo é que a missão seja bem sucedida.
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