A juíza Leoneide Delfina Barros Amorim, da Vara Única da Comarca de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão, decretou a prisão preventiva do empresário Bruno Manoel Gomes Arcanjo, assassino confesso do policial civil do Piauí, Marcelo Soares da Costa, do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), durante cumprimento de mandado no âmbito da Operação Turismo Criminoso.
A decisão foi dada nessa quarta-feira (04), durante audiência de custódia, após a magistrada analisar que diante da gravidade e as circunstâncias do crime de homicídio praticado contra o agente de segurança, a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão é indevida “na medida em que o contexto fático indica que providências menos gravosas seriam insuficientes para acautelar a ordem pública e a aplicação da lei penal, por ineficazes”.
Ministério Público foi favorável à prisão
O pedido para decretação da prisão recebeu parecer favorável da promotora Rita Maria de Cássia Pereira Souza, do Ministério Público do Estado do Maranhão.
A representante do órgão ministerial se manifestou nos autos do procedimento policial em que o acusado foi autuado em flagrante pelo homicídio. Ela endossou o pedido do delegado Saulo Ribeiro Rezende, que requereu a conversão da prisão em flagrante em preventiva.
O que disse Bruno Arcanjo
O GP1 obteve acesso, com exclusividade, a íntegra do depoimento de Bruno Manoel Santos Arcanjo, preso em flagrante pelo assassinato do policial civil Marcelo Soares da Costa. Bruno Arcanjo foi interrogado pelo delegado Saulo Ribeiro Rezende na Delegacia Regional de Zé Doca (MA).
Acompanhado de um advogado, ele deu sua versão dos fatos e admitiu ter atirado contra o policial, mas alegou que o fez por pensar que a casa estava sendo invadida por criminosos.
Confira o depoimento na íntegra:
Com relação ao crime, Bruno Arcanjo “confessa que disparou contra os policiais, mas afirma que desconhecia que eram policiais que estavam no interior de sua residência; que acordo com sua esposa informando que havia gente entrando na casa; que o interrogado acordou com o alerta de sua companheira e pegou sua arma calibre 9mm; que a arma estava no guarda-roupa; que empunhou a arma, abriu a porta do quarto e atirou em direção ao vidro da cozinha; que acredita que deu apenas dois disparos, mas não sabe precisar ao certo se atirou mais vezes; que não sabe se atirou em outras direções; que em nenhum momento se se certificou se realmente havia alguém na direção dos disparos; que abriu a porta do quarto e já foi atirando; que não se certificou se eram policiais ou outros invasores em sua residência; que apenas abriu a porta do quarto e atirou em direções diversas”.
Ainda em depoimento, o acusado disse que após realizar os disparos “retornou ao interior do quarto; que a todo momento ficou no quarto escondido; que, após algum tempo, ouviu o policial Egídio verbalizando e informando que eram policiais que estavam na casa; que o policial solicitou que o interrogado largasse a arma e se entregasse; que, nesse momento, o interrogado retirou o carregador da arma e se entregou; que a esposa do interrogado é quem saiu primeiro do quarto; que o interrogado se deitou no chão e se rendeu; que, então, os policiais algemaram o interrogado e o conduziram”.
Versão da polícia
O relato de Bruno Arcanjo não coincide com os dos policiais civis que acompanhavam o agente Marcelo Soares na operação. Todos eles, incluindo o delegado Laércio Evangelista, do DRACO, afirmaram que bateram na porta da casa do acusado se identificando como autoridades policiais e adentraram ao imóvel após ninguém atendê-los. Já no interior do imóvel, a equipe continuou verbalizando que se tratavam de policiais, momento em que Bruno saiu de um quarto armado e começou a efetuar os disparos.
Os policiais também confirmaram que o acusado usou a própria esposa e o filho como escudos antes de se entregar.
Morte
Marcelo foi morto durante operação na cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão, na terça-feira (03). A equipe do policial estava dando apoio ao Departamento de Combate à Corrupção no cumprimento de mandado de prisão contra um dos alvos da Operação Turismo Criminoso, Bruno Arcanjo.
Ao entrarem no imóvel os policiais foram recebidos a tiros por Bruno Arcanjo. Em meio ao tiroteio, o policial Marcelo Soares acabou sendo alvejado com um disparo de pistola 9mm na região do tórax, lateralmente. O projétil transfixou e acabou tirando a vida do policial.
Entenda o caso
A Polícia Civil do Piauí, através do Departamento de Combate à Corrupção, deflagrou nas primeiras horas da manhã da terça-feira (03) a Operação Turismo Criminoso para dar cumprimento a cinco mandados de prisão temporária, em desfavor de alvos investigados em um robusto esquema de fraude contra o Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (DETRAN) do Piauí, além da realização de financiamentos bancários fraudulentos.
Participaram da operação equipes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática e do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO).
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