Entre janeiro de 2023 e janeiro de 2025, o Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais, foi o destino de 3.660 brasileiros deportados dos Estados Unidos. Esses deportados chegaram ao Brasil em 32 voos fretados pelo governo norte-americano, conforme informações divulgadas pela BH Airport, responsável pela administração do aeroporto, e pelo portal Poder360.
As deportações ocorreram principalmente durante os governos de Biden nos EUA e Lula no Brasil. Porém, desde 20 de janeiro de 2025, Donald Trump assumiu novamente a presidência dos Estados Unidos, trazendo novas expectativas sobre o processo.
O primeiro voo de deportação de 2025 chegou ao Brasil em 10 de janeiro, antes da posse de Trump, mas o voo mais recente, ocorrido no sábado, 25 de janeiro, não pousou em Confins. Devido a um problema técnico, a aeronave com deportados aterrissou em Manaus.
Uma das questões mais controversas durante essas operações de deportação tem sido o uso de algemas pelos deportados. O governo brasileiro, sob a liderança de Lula, criticou duramente essa prática, especialmente após o retorno de cidadãos brasileiros ao país com as mãos algemadas e os pés acorrentados. Segundo autoridades do governo dos EUA, esse procedimento é uma medida de segurança necessária durante o transporte de deportados.
Em resposta a essas críticas, o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, interveio e determinou a retirada das algemas de deportados em voos para o Brasil. Lewandowski, em sua decisão, afirmou que a prática de algemar os deportados representava um “desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”. A medida foi implementada, e os deportados passaram a ser transferidos para o Brasil em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) desde então.
O processo de deportação nos Estados Unidos segue um protocolo estabelecido, independentemente do governo em vigor. Segundo a emissora NBC News, a deportação de imigrantes nos EUA é uma prática comum para aqueles que cometem infrações, que variam de delitos menores, como acidentes de trânsito, até crimes mais graves, como tráfico de drogas.
Após a detenção, os imigrantes são encaminhados para centros de detenção do Departamento de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE), onde um juiz analisa o caso e decide pela deportação. Para imigrantes com menos de dois anos nos EUA, o processo pode ser mais rápido e sem a necessidade de decisão judicial, enquanto aqueles com mais tempo de estadia no país enfrentam um trâmite mais longo.
Após a decisão de deportação, os imigrantes são transportados de volta para seus países de origem, em aviões do ICE, aeronaves militares ou até voos comerciais. O transporte é restrito, permitindo apenas que os deportados carreguem uma mochila de até 18 kg, e, em muitos casos, viajam algemados e com os pés acorrentados.
Durante o governo de Joe Biden, um número significativo de brasileiros foi deportado. Entre 2021 e 2024, mais de 7.000 brasileiros foram enviados de volta ao Brasil, o que representou 1,3% do total de deportações realizadas durante o governo democrata. Em comparação, no governo de Donald Trump, esse percentual foi de 0,7%, e no governo de Barack Obama, foi de 0,4%.
As deportações são contabilizadas de acordo com o ano fiscal nos Estados Unidos, que começa em outubro e termina em setembro do ano seguinte. Portanto, as estatísticas de deportação no governo Biden englobam os anos fiscais de 2021 a 2024, começando durante o último ano do governo Trump e finalizando no mês de setembro de 2024.
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