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Economia e Negócios

Dólar está mais caro do que no auge da crise do Governo Dilma

O cenário atual evidencia uma valorização considerável da divisa norte-americana.

O dólar, em termos reais, está mais caro agora do que durante a crise política e econômica que culminou no impeachment de Dilma Rousseff (PT). Com a cotação atual de R$ 6,19 – registrada na última sexta-feira (27) –, a moeda norte-americana já supera os valores ajustados pela inflação de setembro de 2015, quando o dólar nominal chegou a R$ 4,1450, o equivalente a R$ 5,08 em valores corrigidos, revelou reportagem da Revista Oeste.

Ainda que não tenha alcançado o recorde histórico real, o cenário atual evidencia uma valorização considerável da divisa norte-americana. Apesar disso, a alta de 2024, de 25%, é menos expressiva do que a registrada entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, quando o dólar valorizou 62%.


O dólar reflete a economia

De acordo com o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, o câmbio nominal e o real funcionam como um reflexo da situação econômica. “É quase um espelho da nossa dificuldade fiscal, apesar de esta não ser uma relação direta”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo. Ele destaca que, embora a recessão entre 2015 e 2016 tenha sido severa – com retrações do PIB de 3,8% e 3,6%, respectivamente –, a dívida pública naquele período era menos problemática.

Em 2023, o Brasil registrou um crescimento econômico de 3,2%, e as projeções para 2024 apontam para uma alta de 3,49% do PIB. No entanto, a relação dívida/PIB saltou de 69,8% no final de 2016 para 77,8% em outubro de 2024, com estimativa de alcançar 84,1% até o final de 2026, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI).

Para Adriana Dupita, economista-sênior da Bloomberg Economics, a comparação entre os períodos deve considerar o contexto fiscal. “Na época da Dilma não havia regra fiscal, e hoje temos o arcabouço. Ele não é perfeito, mas está aí”, pontuou.

Cenário global e dólar forte

Além dos desafios internos, o cenário global também é menos favorável atualmente. Nicholas McCarthy, diretor de Estratégias de Investimentos do Itaú Unibanco, ressalta que, em 2015, a China crescia cerca de 10% ao ano, impulsionando o mercado de commodities e equilibrando as contas externas brasileiras. Hoje, o contexto global é mais adverso, com o dólar em seu segundo maior valor histórico global, atrás apenas dos anos 1980, quando os juros dos Estados Unidos chegaram a 20% ao ano.

O índice DXY, que mede a força do dólar frente às principais moedas do mundo, subiu 6,5% em 2024, influenciado pelo crescimento robusto da economia norte-americana e a manutenção de juros elevados.

“A expectativa de que os Estados Unidos crescerão ainda mais e manterão juros altos sustenta a forte valorização do dólar”, afirma Gina Baccelli, economista-chefe do Itaú Unibanco.

Projeções preocupantes

A manutenção do dólar acima de R$ 6 está diretamente ligada à capacidade do governo em conter os gastos públicos. O BTG Pactual alerta que, sem cortes significativos no Orçamento, o dólar pode alcançar R$ 7 em 2025.

“As ações do governo que minem a credibilidade da política monetária ou envolvam intervenções no mercado cambial têm potencial de levar o câmbio a ultrapassar a barreira de R$ 7 no próximo ano”, afirmaram economistas do banco em relatório divulgado em 12 de dezembro.

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