A Eletrobras deve anunciar um plano de demissão voluntária até novembro. Segundo o presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, o foco do programa está em funcionários já aposentados ou próximos da aposentadoria. O PDV foi negociado pela antiga gestão, e a expectativa é de que possa alcançar até 2 mil pessoas, algo em torno de 20% do atual quadro de trabalhadores.
A ideia é enxugar a companhia – privatizada em junho passado – e obter ganhos de eficiência, lógica que também pretende aplicar às participações da companhia em outras empresas. Ele disse que só interessa manter aquelas nas quais a Eletrobras é controladora.
De acordo com o executivo, a Eletrobras tem hoje pouco mais de 10 mil funcionários, após a saída da Eletronuclear do grupo após a privatização. A nova redução de quadro se soma às promovidas pelo executivo em sua primeira passagem pela companhia, entre 2016 e 2021, quando a antiga estatal passou de 26 mil para 12 mil funcionários.
Desta vez, o enxugamento também servirá para abrir espaço a empregados mais jovens que, sugeriu ele, terão papel importante em novas frentes de receita e crescimento real da empresa.
Escritório especial
Em entrevista coletiva ontem, Ferreira Junior falou sobre a criação de um “escritório de transformação” com peso de diretoria para buscar aumento de receitas, diversificação e mais eficiência. A área será comandada pela diretora de Governança, Camila Araújo, com o corpo técnico da empresa e consultorias em processo de contratação.
Um dos objetivos mais imediatos é a comercialização de energia no mercado livre para grandes consumidores, que pode começar em janeiro de 2023 a partir de volumes liberados pelo fim gradual das cotas contratadas a preços fixados.
A expectativa é de que o processo permita ganhos de receita necessários aos planos de expansão e diversificação para fontes renováveis, entre as quais citou o hidrogênio verde, encarada como futuro do setor.
Empresa descarta risco de reestatização
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, afirmou não enxergar risco de reestatização da companhia caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença as eleições presidenciais. Ele, inclusive, minimizou declarações nesse sentido da campanha do petista.
Segundo o executivo, considerando que o governo tem um grande desafio fiscal à frente não faria sentido gastar três vezes mais do que foi arrecadado na capitalização para poder ampliar sua participação na companhia. “Se quiser dar um cavalo de pau e estatizar, vai custar”, disse.
Ferreira Jr. também comentou que, seja qual for o governo, o mais interessante seria ter uma empresa mais eficiente. “Corporation é o mecanismo societário mais bem-sucedido do mundo para empresas de grande porte”, afirmou. Ele também destacou que a operação foi importante para o País, uma vez que trouxe mais de R$ 30 bilhões, com boa parte desse dinheiro vindo do exterior.
A nova gestão, além do quadro mais enxuto e da introdução de robotização e digitalização, buscará oportunidades de expansão por meio de leilões de geração e transmissão de energia, que Ferreira Jr. considera mais provável, ou fusões e aquisições.
A atenção do executivo também está voltada para a redução das provisões de passivos judiciais, hoje na casa dos R$ 30 bilhões, por meio de acordos e redução do custo tributário via recuperação de créditos de empresas do grupo.
Ver todos os comentários | 0 |