Uma "nova safra" de oferta de ações se inicia nesta segunda-feira, 12, com um movimento previsto de mais de R$ 9 bilhões somente nesta semana e potencial para alcançar um novo recorde ao longo dos próximos meses, segundo os bancos responsáveis por estruturar as operações. Considerando todas as 16 ofertas que estão protocoladas, a possibilidade seria de uma "janela" de R$ 45 bilhões, valor superior ao período anterior, que já foi recorde, com R$ 33 bilhões. Os números sempre podem mudar, uma vez que o apetite do investidor varia conforme as novidades do cenário econômico.
Os especialistas indicam, no entanto, que os sinais são positivos, com as projeções do PIB favorecendo o humor dos investidores. Para explicar o otimismo, eles apontam ainda para um maior número de ofertas de grande porte, o que dá conforto aos investidores, pois estão relacionadas a empresas fortes. Também há a expectativa de que, desta vez, os preços não cheguem inflados demais, ao contrário do que ocorreu no primeiro semestre.
O desempenho favorável das ações que chegaram à Bolsa desde janeiro também deve dar sustentação à nova leva de IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) e nos lançamentos subsequentes (follow-ons), na opinião do responsável pelo banco de investimento do Santander, Gustavo Miranda.
Ele cita, que dos 28 IPOs feitos de janeiro até agora, 20 têm suas ações com desempenho positivo na Bolsa desde a precificação, sendo que 18 superam o desempenho do Índice Ibovespa, referência para o mercado nacional. Segundo Miranda, entre as 16 ofertas subsequentes, apenas 5 tiveram desempenho negativo.
"A revisão das expectativas para um cenário macroeconômico mais favorável, somada a ofertas maiores de boas empresas e a um histórico de desempenho positivo das ofertas anteriores, impulsiona a performance dos gestores e os incentiva a seguir participando das boas histórias", ressalta Miranda
Por outro lado, ele afirma que a Bolsa tem estado sujeita a volatilidade, lembrando que, na semana passada, o mercado financeiro reagiu com baixas às renovadas preocupações fiscais. Segundo Miranda, questões hidrológicas, que elevam o risco energético do País, e o cenário eleitoral ainda não entraram de forma contundente nas discussões de mercado.
O executivo também observa que os gestores estão mais rigorosos nas discussões de valor das ofertas, algo que começou na segunda janela do ano, e, de acordo com ele, passou a ser uma constante
O sócio e responsável pelo banco de investimento da XP, Pedro Mesquita, vai mais longe e diz que o ambiente positivo deve permitir que até R$ 200 bilhões em ofertas em Bolsa sejam feitas este ano, superando com folga o recorde de R$ 117 bilhões do ano passado.
"Quando se olha os indicadores como economia, resultados das empresas e perspectivas de reformas, assim como o avanço da vacinação apontando para o controle da pandemia de covid-19, essa é uma projeção que pode até ser considerada conservadora", enumera.
Mesquita chama também a atenção para o fato de que as novas histórias seguem atraindo investidores, como as empresas menores do setor de telecomunicações - entre elas a Brisanet, a Unifique e a Desktop - aproveitando o momento. A Unifique, por exemplo, já chega com cerca de 70% de sua oferta com investidores interessados.
Retomada
A rede de academias Smart Fit, que abre a semana com seu IPO de até R$ 3 bilhões, tem atraído demanda suficiente para mais de dez vezes a oferta, de acordo com fontes. A precificação acontece hoje, e a tese da retomada têm atraído investidores que olham como espelho o desempenho de ações do segmento de academias nos EUA, onde a vacinação e flexibilização estão aceleradas.
De setores mais tradicionais, mas que também miram histórias focadas na retomada, mais especificamente a econômica, estão as ofertas da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), nesta terça, 13, e da InterCement, segunda maior produtora de cimentos do País, na quarta-feira, 14. A expectativa é de que movimentem cerca de R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, respectivamente. A Multilaser (de eletrônicos) deve fazer a oferta na quinta, 15, com expectativa de R$ 2 bilhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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