A prévia da inflação oficial do País voltou a mostrar força em outubro, impulsionada pela alta nos custos da energia elétrica, passagens aéreas, combustíveis e alimentos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) subiu 1,20% em outubro, maior taxa para o mês desde 1995, informou nesta terça-feira, 26, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Se considerados todos os meses do ano, a inflação foi a mais aguda desde fevereiro de 2016. A taxa acumulada em 12 meses pelo IPCA-15 subiu a 10,34% em outubro.
O resultado deve colocar ainda mais pressão para que o Banco Central (BC) decida por uma alta mais contundente na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, avaliou Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos. Ele acredita em mais adesões à projeção de uma elevação de 1,5 ponto porcentual na Selic, considerando também o cenário de mudança na postura do governo sobre a regra do teto de gastos.
"Já seria suficiente para uma alta maior. Agora, somando dois elementos, fica difícil acreditar que o Banco Central terá uma comunicação suficiente para entregar uma alta menor do que 1,5 (ponto porcentual), com todo este cenário, sem trazer um estresse para o mercado", avaliou Cruz.
Apesar de avaliar que outubro deve ter sido o pico de alta do IPCA-15, o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, acredita que os preços ainda continuarão bastante pressionados.
"As preocupações fiscais devem inibir desaceleração mais rápida do IPCA-15", disse Rostagno, citando a desvalorização do real ante o dólar como reflexo desse cenário fiscal mais adverso.
O economista do Mizuho lembra ainda que a alta do petróleo no mercado internacional também é um fator de pressão nos preços dos combustíveis no mercado doméstico.
"Consequentemente o BC vai ter que subir mais os juros para ancorar as expectativas de inflação. E provavelmente a gente deve ter Selic voltando para dois dígitos no começo do ano que vem", previu Rostagno.
Em outubro, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IPCA-15 tiveram aumentos de preços.
A energia elétrica subiu 3,91%, item de maior impacto individual na inflação do mês, 0,19 ponto porcentual. Em outubro, permanece em vigor a bandeira tarifária de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na cobrança da conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
Ainda em habitação, o gás de botijão ficou 3,80% mais caro em outubro, o 17º mês consecutivo de aumentos. O gás de botijão já acumula uma alta de 31,65% apenas no ano de 2021.
Os combustíveis ficaram 2,03% mais caros em outubro. A gasolina subiu 1,85%, acumulando uma elevação de 40,44% nos últimos 12 meses. Os preços também aumentaram em outubro para o etanol (3,20%), óleo diesel (2,89%) e gás veicular (0,36%). No entanto, o maior impacto no grupo transportes foi das passagens aéreas, que subiram 34,35%, uma contribuição de 0,16 ponto porcentual para o IPCA-15.
Os gastos com alimentação e bebidas tiveram uma elevação de 1,38% em outubro, responsáveis por quase 25% de toda a inflação do mês. As famílias pagaram mais pelas frutas (6,41%), tomate (23,15%), batata-inglesa (8,57%), frango em pedaços (5,11%), café moído (4,34%), frango inteiro (4,20%) e queijo (3,94%).
O resultado do IPCA-15 em outubro foi decorrente de aumentos de preços em todas as 11 regiões pesquisadas. A alta mais branda ocorreu em Belém (0,51%), enquanto a maior variação foi registrada em Curitiba (1,58%).
Sete regiões que integram a coleta do IBGE acumulam inflação de dois dígitos nos últimos 12 meses: Curitiba (13,42%), Porto Alegre (11,85%), Belo Horizonte (10,19%), Recife (10,29%), Fortaleza (11,14%), Goiânia (10,44%) e Belém (10,01%).
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