A liberação imediata de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep pode levar a um crescimento do PIB, em 12 meses, superior ao previsto pelo governo (0,35 ponto porcentual), aponta estudo da LCA Consultores, obtido com exclusividade pelo ‘Estadão/Broadcast’.
Em exercício, que leva em conta liberações semelhantes em 2017 e 2018, a consultoria calcula um impacto aproximado de 0,55 ponto em um ano, considerando os cerca de R$ 42 bilhões de recursos e o impacto direto e indireto na economia.
O número maior de beneficiados, o valor baixo do saque médio e a situação das famílias atualmente dão segurança à LCA de que a parcela destinada ao consumo pode ser maior que na experiência anterior, que elevou o PIB entre 0,2 ponto e 0,3 ponto, segundo o economista responsável pelo estudo, Vitor Vidal. Em 2017, segundo estudo da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo, 25% dos R$ 44 bilhões liberados em contas inativas foram usados para consumir.
A estimativa do Ministério da Economia é de injeção de cerca de R$ 40 bilhões do FGTS (R$ 28 bilhões este ano e R$ 12 bilhões em 2020) e de R$ 2 bilhões do PIS/Pasep na economia. Não há ainda, porém, o calendário de liberação dos recursos, mas a expectativa é que tenha início em setembro e termine em março de 2020. Na sexta-feira, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que o cronograma deve ser anunciado amanhã.
Segundo o modelo estrutural da LCA, que incorpora as liberações anteriores, o impacto direto e indireto aproximado seria de 0,55 ponto em quatro trimestres. O efeito ocorreria entre o último trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2020, com o pico no início do ano que vem, já que as famílias não gastam imediatamente os recursos.
A LCA admite ainda que parte dos recursos será destinada ao pagamento de dívidas e à poupança, mas lembra que o gasto das famílias tende a criar empregos, o que, por sua vez, eleva a renda, beneficiando mais uma vez o consumo. Só o efeito direto, nos cálculos da consultoria, já geraria 0,35 ponto de impulso sobre o PIB, considerando que 63% dos recursos liberados serão destinados ao consumo - o que, segundo Vidal, é plausível dado ao limite dos saques.
Vidal diz que três outros fatores dão confiança de que o impacto no PIB pode ser superior ao anunciado pelo governo. O primeiro deles é que 96 milhões de trabalhadores serão beneficiados desta vez, número quase quatro vezes maior que em 2017 (25,9 milhões). Outra razão é que, segundo cálculos da LCA, o saque médio deve ser de R$ 415 - inferior ao de 2017 -, valor que indica um perfil maior de consumo. E das 96 milhões de pessoas beneficiadas, 54,7 milhões devem poder sacar menos de R$ 500, completa o estudo.
Em relação ao saque aniversário, o exercício da LCA sugere que podem ser injetados na economia em 2020 R$ 24 bilhões, mas com efeito menor sobre o consumo que o do saque imediato, dado o perfil de adesão e também do valor médio dos saques.
"Com menos pessoas sendo beneficiadas, elas podem quitar uma dívida, por exemplo, consumir algo e guardar o resto. Mas essa medida nos dá convicção sobre a nossa projeção de alta de 2,5% do PIB em 2020, acima da mediana do mercado, de 2,1%." Para 2019, a LCA projeta expansão de 1%, também acima da média atual do Boletim Focus, de 0,82%.
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A estimativa do Ministério da Economia é de injeção de cerca de R$ 40 bilhões do FGTS (R$ 28 bilhões este ano e R$ 12 bilhões em 2020) e de R$ 2 bilhões do PIS/Pasep na economia.
Por Estadão Conteúdo
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