A estratégia do Banco Central para acalmar o mercado de câmbio deu certo e o dólar fechou em forte queda nesta sexta-feira, 8, de 5,35%, a maior desde 24 de novembro de 2008, ou seja, em meio à crise financeira mundial, período em que a autoridade monetária também atuou forte para conter a pressão no real. Depois de encostar em quase R$ 4,00 ontem, o maior nível em mais de dois anos, a moeda norte-americana terminou o dia em R$ 3,7050 e zerou as perdas do mês. Na semana, a divisa recuou 1,48%. Mas a trégua desta sexta-feira pode não ser duradoura e especialistas em câmbio alertam que o nervosismo pode voltar na semana que vem, que tem dois eventos importantes: a nova pesquisa eleitoral do Datafolha, que será publicada domingo, e a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que começa na terça-feira, 12.
O dólar já abriu a sexta-feira em queda e seguiu assim o dia todo, refletindo a entrevista dada na noite de ontem pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, que voltou a falar hoje em evento em São Paulo. Na entrevista, ele anunciou que a instituição vai colocar mais US$ 24 bilhões no mercado de câmbio até o final da semana que vem por meio de contratos de swap. Além disso, desmentiu boatos de que deixaria o BC ou que haveria uma reunião extraordinária do Comitê de Política Monetária (Copom), além de descartar alta de juros para segurar o real.
Hoje, o BC realizou o primeiro leilão extraordinário e injetou ao todo US$ 3,75 bilhões no mercado. "O BC mandou recado muito forte ao mercado. Ilan prometeu ontem e cumpriu hoje", disse o superintendente de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes da Silva. Para ele, depois do silêncio nos últimos dias, o presidente da autoridade monetária mostrou "ação firme" e conseguiu, com isso, desmontar posições defensivas que os agentes estavam fazendo até quinta-feira. Com isso, aumentou a pressão vendedora do dólar. Ná máxima do dia, o dólar encostou em R$ 3,86 e na mínima em R$ 3,69. Além do Ilan, hoje à tarde o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, convocou coletiva à imprensa também para acalmar os investidores, o que ajudou os juros a fecharem em queda.
Apesar da queda hoje do dólar, o analista da Correparti ressalta que a tensão vista nos últimos dias no mercado pode continuar. Mesmo com o discurso do BC, que só nesta semana injetou US$ 10 bilhões em dinheiro novo no mercado, o pano de fundo da cenário no Brasil não mudou. Na economia, bancos voltaram a rebaixar projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano. Só hoje, Itaú Unibanco, Bradesco e Bank of America Merrill Lynch anunciaram novos cortes. No caso do BofA, a previsão caiu de 2,1% para 1,5%.
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