Os problemas com “sumiço” de dinheiro envolvendo recursos do auxílio emergencial atingiram um universo de 34 mil transações ou 0,14% de um total de 25 milhões de operações feitas desde o início do pagamento do benefício por parte da Caixa Econômica Federal, conforme balanço obtido pelo Estadão/Broadcast. A maior parte teve relação com o depósito da terceira parcela, que começou a ser feito no fim de junho, e impactou clientes de carteiras digitais como o PicPay, da J&F, dentre outros.
Ao receberem os recursos nas poupanças digitais da Caixa, cujo acesso é feito pelo aplicativo Caixa Tem, os usuários não conseguiram concluir a transferência do dinheiro para outra conta.
Conhecido como timeout no jargão do mercado, esse problema ocorre quando a transação demora mais tempo que o normal para ser aprovada no emissor, neste caso, a Caixa. O cancelamento da operação, então, é acionado e os recursos devolvidos na conta de origem.
No caso das transações do auxílio emergencial isso não teria acontecido, de acordo com fontes, o que gerou a sensação aos clientes de que o dinheiro foi parar no “limbo”. Como o banco não teria conseguido responder ao pedido de cancelamento, as transações não foram desfeitas e, portanto, o dinheiro não retornou na conta nem apareceu no lugar de destino.
Sem acesso aos recursos, os usuários correram às redes sociais para reclamar do aplicativo da Caixa, que tem sido alvo de críticas por conta de falhas operacionais. “O problema de timeout é comum no mercado e tem a ver com um volume expressivo de transações”, explica uma fonte, na condição de anonimato. A Caixa teria sinalizado que consertaria o problema na madrugada passada. No entanto, isso não ocorreu.
Em meio às queixas de “sumiço” de dinheiro, outro problema ocorreu com o Caixa Tem e os usuários do Nubank. Ontem, relatos de clientes da fintech indicavam que o dinheiro também teria desaparecido de suas contas, envolvendo valores de R$ 200 a R$ 600.
Dessa vez, o problema envolveu o pagamento de boletos – utilizados para fazer a transferência dos recursos para as contas da fintech. Após ter identificado uma série de transações supostamente duplicadas, a Caixa informou sobre o ocorrido. A comunicação foi feita por meio de ofício aos bancos com os quais o Nubank trabalha, que são o Bradesco e o Safra, conforme fontes, alegando “ocorrência sistêmica”.
A startup não tem contato direto com a Caixa por se tratar de uma transação que envolve boletos e, por isso, depende de bancos para prestar o serviço. No ofício enviado ao Bradesco e Safra, a Caixa teria, então, solicitado o estorno desses valores, conforme relatos de fontes ouvidas pela reportagem.
Ao iniciar o processo de devolução, tirando o recurso das contas de sua base e devolvendo-o para a Caixa, os clientes do Nubank se queixaram do sumiço do dinheiro, alegando que as transações eram devidas. A fintech, por sua vez, decidiu cancelar o movimento.
Ao Estadão/Broadcast, o Nubank lamentou o transtorno causado aos clientes e informou que o erro ocorreu por conta de uma falha no sistema da própria Caixa. A Caixa, por sua vez, disse que “não foram identificadas falhas nos sistemas internos” do banco.
Já o PicPay disse que “está fazendo tudo para acolher e ajudar seus usuários que, devido a uma instabilidade do sistema do Caixa Tem, não conseguiram receber o auxílio emergencial na carteira digital”.
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