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Facebook respira aliviado após multa de US$ 5 bilhões nos EUA

Confirmado nesta quarta-feira, 24, acordo da rede social com governo dos EUA ‘saiu barato’, na visão de analistas; empresa terá de criar comitê de privacidade autônomo.

Uma nuvem negra deixou de ocupar o horizonte do Facebook. Ontem, a empresa anunciou que fechou um acordo de US$ 5 bilhões com a Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês), após uma longa investigação sobre o caso Cambridge Analytica, no qual dados de 87 milhões de usuários da rede social foram usados indevidamente pela consultoria política. Além da multa, a empresa terá de criar um comitê de privacidade independente e mudar políticas sobre o uso de dados dos usuários. Na visão de analistas, porém, o caso acabou ficando “barato” para o Facebook.

Isso porque a multa, apesar de ser a maior já aplicada pela FTC a uma empresa de tecnologia nos Estados Unidos, é apenas uma fração da receita do Facebook. Ontem, a companhia divulgou ter faturado US$ 16,9 bilhões só entre os meses de abril e junho de 2019. A rede social encerrou ainda o período com 2,4 milhões de usuários ativos mensalmente, em crescimento de 8% contra o mesmo trimestre do ano passado. “O Facebook segue sendo uma máquina de geração de caixa e é acessada por mais da metade das pessoas online no mundo”, diz William Castro-Alves, estrategista chefe da corretora Avenue.


Além disso, a empresa já havia contingenciado US$ 3 bilhões para o pagamento da multa à FTC no trimestre anterior. “Com o acordo, a dor de cabeça desse caso passou”, avalia Joel Kulina, analista da consultoria Wedbush Securities. “Enquanto os usuários estiverem por perto, os anunciantes virão, então está tudo bem.” Após a divulgação do acordo pela manhã, as ações do Facebook encerraram o dia com alta de 1,1% na bolsa de valores Nasdaq – a empresa está avaliada em US$ 584,2 bilhões, perto de sua cotação recorde histórica. O valor do acordo também é pequeno perto das reservas da empresa – avaliadas em US$ 48,5 bilhões.

Empresa terá de criar comitê de privacidade

Em documento divulgado ontem, a FTC afirmou que a penalização se justifica porque com o caso Cambridge Analytica, o Facebook quebrou um acordo firmado em 2011 para proteger os dados de seus usuários. No acordo, a FTC também considerou que a rede social falhou em proteger a privacidade ao exibir anúncios direcionados pelo número de telefone dos usuários e por não fornecer informações suficientes sobre ferramentas de reconhecimento facial. Para Bruno Bioni, diretor do Data Privacy Brasil, o saldo é negativo para a sociedade. "O órgão regulador não teve capacidade de monitorar as obrigações do acordo e por isso ele foi quebrado agora", avalia o especialista.

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