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Ciência e Tecnologia

Cientistas usam macaco para melhorar tratamento do autismo

O estudo modificou os genes de primatas para reproduzir sintomas do autismo.

A revista “Nature” publicou nesta segunda-feira (25), um estudo onde cientistas da China modificaram genes de macacos para poder estudar o comportamento autista em humanos e a transmissão para seus descendentes.

Um dos principais desafios dos diferentes espectros de autismo está na falta de modelos animais que possam reproduzir fielmente os sintomas desta condição detectados em pacientes humanos.
Imagem: André Ueberbach/Creative CommonsMacaco da espécie Macaco da espécie "Macaca fascicularis", mesma usada no estudo que modificou genes de macacos para reproduzir sintomas similares aos do autismo

Apesar dos grandes avanços da ciência nessa área nos últimos anos, com experiências com roedores, até agora não houve modelos de primatas não-humanos, os quais refletem com mais precisão doenças neuronais complexas.

Primatas

O especialista Zilong Qiu e outros cientistas da Academia Chinesa de Ciências, conseguiram desenvolver um modelo de primatas afetado pela síndrome de duplicação do gene MeCP2, um gene epigenético que controla a atividade de muitos genes.

Os autores do estudo afirmaram que esta desordem se apresenta na infância e compartilha alguns dos sintomas principais com alguns espectros do autismo. O estudo foi feito com oito macacos-caranguejeiros (Macaca fascicularis), modificados geneticamente a partir de lentivírus que apresentavam uma superexpressão no cérebro do gene MeCP2, associado ao autismo.

Os cientistas afirmaram que as funções cognitivas dos primatas transgênicos eram relativamente normais, mas foram observadas várias mudanças em seu comportamento.

Foram detectados oito sujeitos sem um aumento de condutas motoras repetitivas e dos comportamentos relacionados com a ansiedade. A interação social entre eles também ficou menor.

Descendentes também afetados

A pesquisa demonstrou a existência de uma transmissão do gene aos descendentes de um dos macacos macho, os quais também apresentaram uma deterioração em suas interações sociais quando foram pesquisados como casais.

Os cientistas da Academia Chinesa de Ciências de Pequim perceberam que tanto os primatas como sua descendência chegaram a apresentar mudanças em seu comportamento. Isto demonstra que é possível experimentar com primatas não-humanos modificados geneticamente para estudar desordens do desenvolvimento neuronal.

Os autores do trabalho acreditam que a pesquisa pode contribuir ao desenvolvimento de estratégias terapêuticas para tratar os sintomas de algum dos espectros do autismo.

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