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Traficante gospel cria grupo armado que mata “em nome da fé” no Rio de Janeiro

Atualmente foragido, ele comanda o Complexo de Israel, território dominado pelo Terceiro Comando Puro.

Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, redefiniu o perfil tradicional de um líder do tráfico ao se apresentar como um guia espiritual dentro de uma facção criminosa no Rio de Janeiro. Atualmente foragido, ele comanda o Complexo de Israel, território dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP).

Peixão, que é evangélico, é investigado pela Polícia Federal por crimes bárbaros cometidos sob o pretexto da fé. Atrás da fachada religiosa, torturas e execuções são realizadas contra rivais. O complexo, que abrange comunidades como Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta, tornou-se uma área fortemente protegida por barricadas, sob controle de criminosos armados e marcada pela presença de símbolos religiosos, incluindo a Estrela de Davi, ressignificada como um emblema da fé evangélica na volta de Cristo.

Foto: ReproduçãoÁlvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão
Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão

Esse novo cenário do crime organizado no Brasil abre um debate inédito sobre a possibilidade de enquadramento de tais atos como terrorismo religioso. Caso seja capturado, Peixão poderá responder com base na Lei Antiterrorismo, que exige a comprovação de que seus crimes foram cometidos com a intenção de espalhar terror generalizado motivado por razões religiosas. O grupo distorce passagens bíblicas para justificar a imposição de uma única crença, restringindo e reprimindo outras manifestações religiosas. A Polícia Federal considera essas ações indícios claros de extremismo violento, o que pode levar a uma inédita aplicação da legislação antiterrorismo no país, sujeitando os envolvidos a penas superiores a 30 anos de prisão.

O Terceiro Comando Puro surgiu no início dos anos 2000, como um desdobramento do Terceiro Comando, que por sua vez foi uma dissidência violenta do Comando Vermelho no final da década de 1980. A adoção da identidade dos chamados "Soldados de Jesus" não se limita a uma mudança de imagem, mas representa uma estratégia perigosa de legitimação da violência por meio da religião.

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