A Presidência da República desembolsou pelo menos R$ 24 mil para custear as diárias de quatro assessores da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, durante sua viagem a Roma. Esse valor corresponde apenas às diárias pagas aos auxiliares e não inclui custos com passagens e hospedagem.
Janja foi designada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para representar o Brasil em uma reunião de governança do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, que ocorre de 10 a 12 de fevereiro na capital italiana. O despacho que autorizou a participação da primeira-dama no evento foi publicado na semana passada no Diário Oficial da União.
![Lula e Janja](/media/image_bank/2023/11/lula-e-janjanone.jpg.950x0_q95_crop.webp)
As diárias foram destinadas a Claudio Adão Souza, Taynara Cunha, Edson Pinto e Julia Silva, todos servidores lotados na Presidência. Cada um recebeu R$ 6 mil, correspondentes a 2,5 diárias internacionais. O governo autorizou o afastamento dos assessores entre os dias 9 e 14 de fevereiro.
A Presidência não forneceu informações detalhadas sobre os gastos totais relacionados à viagem, incluindo passagem e hospedagem, e indicou que esses dados deveriam ser solicitados à assessoria de Janja. No entanto, a equipe da primeira-dama não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem.
Convite oficial
Janja foi convidada oficialmente para o evento pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT). Segundo a legislação vigente, a primeira-dama só poderia representar o governo brasileiro no evento com um convite formal. A pasta informou que os detalhes da comitiva e os gastos serão divulgados assim que forem publicados no Diário Oficial da União, mas não forneceu uma previsão para essa publicação.
Quando questionado sobre a justificativa para o convite à primeira-dama, o Ministério do Desenvolvimento Social orientou a reportagem a buscar respostas com a assessoria de Janja, alegando que ela poderia fornecer "o suporte mais adequado para essa questão".
Atuação de Janja em 2025
Ao longo de 2025, a primeira-dama focará sua atuação principalmente nos eventos sociais da COP30, a conferência do clima da ONU, e na Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa lançada pelo presidente Lula durante o G20.
Em novembro de 2024, Janja organizou um festival cultural e social, conhecido como "Janjapalooza", durante o lançamento da Aliança Global no G20, no Rio de Janeiro.
Além do evento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, a equipe de Janja confirmou que a primeira-dama terá uma audiência com o papa Francisco nesta quarta-feira (12) e um encontro com a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos, da ONU. O retorno ao Brasil está previsto para quinta-feira (13).
Transparência da agenda de Janja
A divulgação da agenda institucional de Janja teve início apenas no começo deste mês, após críticas sobre a falta de transparência em sua atuação no governo. A primeira-dama passou a compartilhar sua agenda por meio de publicações em seu perfil oficial no Instagram.
Desde 2023, cresce a cobrança por maior clareza sobre os compromissos e os gastos de Janja, especialmente em relação à sua presença cada vez mais frequente na agenda oficial do presidente Lula.
Embora a primeira-dama não tenha obrigação legal de divulgar uma agenda pública diária, por não ocupar um cargo oficial, é a primeira vez que uma primeira-dama participa ativamente de reuniões políticas de trabalho no Palácio do Planalto e acompanha decisões de governo.
As omissões e o sigilo sobre os custos das viagens e outras despesas de Janja geraram críticas à gestão de Lula, reforçando a demanda por uma postura mais transparente. Recentemente, o governo se recusou a fornecer informações, por meio da Lei de Acesso à Informação, sobre a hospedagem e os gastos de Janja em sua viagem a Nova York, onde integrou a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres na 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU.
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