O presidente Lula e a liderança indígena de Olivença, na Bahia, Yakuy Tupinambá, trocaram farpas durante cerimônia de repatriação do manto tupinambá que ocorreu na última quinta-feira (12), no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Em seu discurso, Yakuy quebrou o protocolo e ultrapassou o limite de três minutos para o ler o manifesto. A anciã indígena chamou Lula de “filho da dona Lindu”, como era conhecida Eurídice Ferreira de Mello, mãe do presidente.
“Reiteramos nossa insatisfação com a postura colonizadora personificada pelo Estado brasileiro, através das autarquias representativas que, mais uma vez, dilaceram nossos direitos originários e, muito mais que isso, feriram profundamente o que mais prezamos –a nossa crença e a nossa fé”, diz trecho do manifesto lido por Yakuy.
“Nós somos violados há muito tempo, mas, ultimamente, o Estado e instituições patrimonialistas desencadearam uma retirada de direitos, com atentados contra a dignidade e a manutenção da vida. Temos hoje o pior Congresso da história, um Judiciário egocêntrico e parcial, e um governo enfraquecido, acorrentado às alianças e conchavos para se manter no poder. Não respeitam as leis nem os tratados e convenções internacionais. Vivemos uma democracia distorcida”, acrescentou Yakuy.
Lula rebateu discurso
Em sua fala, Lula rebateu as críticas da liderança indígena. “Se tivesse o poder que ela pensa que eu tenho, não estaria aqui comemorando um manto. Estaria comemorando a vida de milhões de indígenas que morreram neste país, escravizados pelo colonizador europeu”, afirmou.
“Eu queria apenas que a companheira que falou aqui [Yakuy] mudasse o seu discurso. Aqui não tem subserviência para ficar no poder. Não preciso disso. Basta saber que eu tenho um partido com 70 deputados entre 513, eu tenho nove senadores entre 81, e para aprovar as coisas sou obrigado a conversar com quem não gosta de mim”, rebate Lula.
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