O Conselho de Graduação da Universidade de São Paulo (USP) decidiu nesta quinta-feira, 23, invalidar as matrículas de seis estudantes de graduação por fraude em cotas no processo seletivo para ingressar na instituição. O Conselho de Graduação é a última instância de análise dos processos, segundo a universidade. Os alunos envolvidos podem apresentar pedido de reconsideração.
Se mantida a decisão do Conselho após os pedidos de reconsideração, os estudantes serão expulsos da universidade. Em 2020, pela primeira vez, a USP expulsou um aluno do curso de Relações Internacionais por fraude nas cotas. Naquele caso, o estudante se autodeclarou como pertencente ao grupo de Pretos, Pardos e Indígenas (PPI) e também disse ter uma renda mensal que não foi comprovada. Ele ficou impedido de se matricular na instituição pelos próximos cinco anos, de acordo com o Regimento Geral da Universidade.
A USP não divulgou detalhes da invalidação de matrículas dos seis alunos, julgada nesta quinta, nem informou os cursos em que estavam matriculados. Segundo o Comitê Antifraude da USP, grupo formado por advogados e estudantes e responsável por fazer denúncias de fraudes na instituição, os seis alunos são de cursos da Faculdade de Medicina da capital, da Faculdade de Odontologia de Bauru e da Escola de Enfermagem.
Há uma série de outros processos na universidade pendentes de julgamento. Segundo a USP, de 2017 a 2020 foram recebidas 185 denúncias de supostas fraudes no ingresso por cotas. As suspeitas de fraude ocorreram tanto na modalidade de ingresso pelo Sisu, que usa notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), quanto pela Fuvest.
As denúncias vêm pressionando a universidade a adotar ações de prevenção a fraudes na autodeclaração de pretos e pardos, como já ocorre em outras instituições de ensino do País. Coletivos de estudantes negros pedem a criação de uma banca de heteroidentificação, para identificar fraudes mais rapidamente e evitar que os processos demorem a ser julgados.
Hoje, a maioria dos novos alunos matriculados na USP vem de escolas públicas. Depois de anos de discussões e polêmicas sobre reserva de vagas na instituição de ensino mais conceituada do País, foi cumprida este ano a meta ambiciosa estabelecida em 2017 de ter metade de seus novos alunos com esse perfil. É a primeira vez que isso ocorre desde que a instituição passou a registrar o perfil dos ingressantes, em 1995.
Ver todos os comentários | 0 |