Nessa segunda-feira (20), uma dona de granjas no Paraná, que engorda frangos para a BRF, uma das empresas alvo da Operação Carne Fraca, foi até a Polícia Federal para denunciar supostas irregularidades na liberação de aves com salmonela para consumo humano. A mulher não teve o nome divulgado e disse em depoimento que no ano passado recebeu 46 mil pintos de 1 dia de uma unidade do grupo para engorda que estavam contaminados.
Na sexta-feira (17) a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Carne Fraca e cumpriu 311 mandados judiciais, em sete estados do Brasil. A operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
A testemunha, que é dona de duas granjas com capacidade para 50 mil aves, disse que fornecia peru para a Perdigão (antes da fusão de marcas). Em 2013, ela afirmou ter passado a engordar frango de corte para ao Grupo BRF.
Ainda no depoimento, a testemunha explicou que recebe da BRF as cargas de “pinto de 1 dia”, denominação usual no setor para as aves nascidas naquele dia, enviadas para cria, e fica com a ave nas granjas para engorda.
Durante todos os anos de funcionamento, a dona da granja disse que nunca teve problemas sanitários nas duas unidades no Paraná. Porém, em 2016, ela disse que recebeu um lote de aproximadamente “46 mil ‘pintos de 1 dia’ da BRF”, unidade matriz Santo André 3, contaminadas com a bactéria Salmonella Pullorum.
Lucas Teston, médico veterinário da BRF, informou a ela que existia esse tipo de salmonela nos cortes de frango recebidos de sua granja e informou que a origem teria sido a unidade de Santo André, chamada por ela de “matrizeira”.
Mesmo sabendo do problema da salmonella, segundo a dona da granja, a BRF enviou para sua granja outros dois lotes de pintos para engorda. Segundo ela, as conversas com executivos e veterinários do grupo sobre a existência da contaminação foram registradas. O material será entregue aos investigadores da Carne Fraca.
- Foto: DivulgaçãoFrangos Sadia e Perdigão
De acordo com o Estadão, mesmo com a contaminação por salmonela em suas unidades, a dona da granja obteve a Guia de Trânsito Animal (GTA), que libera as aves de corte para a indústria para consumo humano. A produtora rural afirmou que obteve a GTA, mesmo após a contaminação.
“Após informada pelo técnico veterinário da BRF, que havia contaminação na granja de sua propriedade, foi expedida a GTA para sete cargas de frangos contaminados.
Ainda em depoimento, a dona da granja citou uma possível contaminação em uma unidade da BRF no Paraná.
O Ministério da Agricultura suspendeu as exportações das unidades alvo da Carne Fraca. Países que compram carne bovina e de frango do Brasil cobraram medidas do governo local.
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