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PF diz que propina da ‘Carne Fraca’ abastecia PMDB e PP

Parte do dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção envolvendo fiscais e maiores frigoríficos era distribuída inclusive em partidos políticos.

O delegado da Polícia Federal (PF) Maurício Moscardi Grillo, afirmou nesta sexta-feira (17), durante a Operação Carne Fraca, que parte do dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção envolvendo fiscais e maiores frigoríficos do país abastecia o PMDB e o PP.

“Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era, sim, revertido para partido político. Caracteristicamente, já foi falado ao longo da investigação dois partidos que ficavam claro: o PP e o PMDB”, afirmou.


O delegado disse ainda que que produtos químicos foram usados pra disfarçar a carne vencida. "Eles usavam ácidos e outros produtos químicos para poder maquiar o aspecto físico do alimento. Usam determinados produtos cancerígenos em alguns casos para poder maquiar as características físicas do produto estragado, o cheiro", disse. Moscardi também afirmou que água era injetada na carne para que o peso aumentasse. Também foi verificada a falta de proteína na carne. "Foi trocada por fécula de mandioca ou proteína da soja, que é muito mais barata, mais fácil de substituir", explicou.

  • Foto: Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão ConteúdoColetiva da Polícia Federal sobre a Operação Carne FracaColetiva da Polícia Federal sobre a Operação Carne Fraca

Executivos do frigorífico JBS (de marcas como Friboi, Swift e Seara) e BRF (marcas como Sadia e Perdigão) foram presos. O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público’.

Aproximadamente 1100 policiais federais estão cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema. “Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva", diz nota da PF.

A empresa JBS lançou uma nota à imprensa.

NOTA À IMPRENSA

Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação.

A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás.

A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.

A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.

A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou comercialização – e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.

São Paulo, 17 de março de 2017.

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