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Ministro da Justiça aparece em grampo de operação da PF

Serraglio aparece na gravação conversando com o superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016, Daniel Gonçalves Filho.

Entre as investigações da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), aparece um grampo telefônico. A operação foi deflagrada na manhã desta sexta-feira e investiga a venda de carnes por grandes frigoríficos por meio de pagamento de propinas a fiscais.

Serraglio aparece na gravação conversando com o superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016, Daniel Gonçalves Filho. Na conversa, o ministro fala com Daniel sobre problemas que um frigorífico de Iporã, no Paraná, estaria tendo com a fiscalização do Ministério da Agricultura.


O deputado Osmar Serraglio foi nomeado como ministro da Justiça pelo presidente Temer em fevereiro, assumindo o lugar de Alexandre de Moraes, que se tornou ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), ocupando a cadeira de Teori Zavascki.

Serraglio se refere ao fiscal como “grande chefe” e a conversa segue com o ministro afirmando que o fiscal responsável pelo frigorífico Larissa “apavorou o Paulo”. O frigorífico Larissa pertence ao empresário Paulo Rogério Sposito, que foi candidato a deputado federal pelo Estado de São Paulo, em 2010, com o nome de Paulinho Larissa.

“O cara que está fiscalizando lá apavorou o Paulo, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico… Botou a boca. Deixou o Paulo apavorado”, comentou. Gonçalves Filho responde: “Deixa eu ver o que está acontecendo… tomar pé da situação lá, tá… falo com o senhor”.

  • Foto: ReproduçãoDiálogo entre o ministro e Daniel,superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016Diálogo entre o ministro e Daniel,superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016

Ainda segundo as investigações, depois de conversar com o ministro, Daniel encontrou em contato com Maria do Rocio, chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, na superintendência do Paraná, informando que o fiscal da cidade de Iporã quer fechar o frigorífico de Sposito.

De acordo com a Veja, Daniel pediu que assunto fosse investigado. Ela então obedece à ordem, em seguida, informa Gonçalves Filho de que “não tem nada de errado lá, está tudo normal”. Segundo a PF, a informação foi repassada ao ministro.

A assessoria do ministro divulgou um comunicado informando que: “Se havia alguma dúvida de que o Ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O Ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação. A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo Juiz Federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa gravada”. Serraglio não está entre os alvos da operação desta sexta-feira.

Relembre o caso

Na manhã desta sexta-feira (17) a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Carne Fraca e cumpriu 311 mandados judiciais, em sete estados do Brasil. A operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.

Entre as marcas investigadas, estão Sadia, Friboi, Perdigão e Seara, que são acusadas de vender carnes estragadas, usar produtos cancerígenos e vencidos, entre outras irregularidades que foram encontradas durante dois anos de investigação.

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