A eleição para novo reitor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), ocorrida ontem (12), mostrou que a instituição não evoluiu juntamente com a democracia que tanto diz defender, seguindo à risca a legislação draconiana antiquada, onde os "mais poderosos" decidem pelos demais.
O resultado que consagrou o professor André Macedo como vencedor da disputa, com 45,64% dos votos válidos, mostra o escamoteamento da democracia, onde tudo é votado, mas não é o povo de fato quem decide. Isso porque o voto dos professores da instituição tem peso de 70%, enquanto dos servidores técnico-administrativos e alunos tem peso de 15%.
- Foto: Lucas Dias/GP1Pórtico da Universidade Federal do Piauí
O primeiro colocado, caso houvesse democracia na Universidade Federal do Piauí conforme prevê a Constituição Federal, seria o professor Gildásio Guedes, pois foi o mais votado. Ele recebeu 4.987 votos, sendo que destes, 4.499 foram de estudantes, 269 de servidores técnico-administrativos e 219 dos docentes. Em segundo ficaria a chapa de Nadir Nogueira, que teve um total de 4.168 votos, sendo 3.561 de estudantes, 222 servidores técnico-administrativos e 387 de docentes. Já André Macedo ficaria em terceiro lugar, pois obteve menos votos. Ele recebeu 3.864 votos, sendo que destes, 2.787 foram de estudantes, 747 de professores e 330 de servidores técnico-administrativos.
Entretanto, por ter recebido mais votos dos professores, que na votação antidemocrática da UFPI têm o peso maior, André Macedo venceu a eleição.
Além de inconstitucional e ilegal, uma eleição nestes moldes é imoral. Se para eleger um presidente da República, os votos são igualitários, porque para eleger o reitor da Universidade Federal do Piauí não existe igualdade? Por que os professores são considerados superiores se a universidade de fato é feita por alunos?
O Ministério Público Federal e Advocacia-Geral da União precisam agir urgentemente para acabar com essa patifaria na UFPI.
Lista tríplice
Embora o atual reitor, José Arimatéia Lopes, tenha se empenhado para emplacar o simpatizante do PT André Macêdo na lista tríplice, o professor titular com mais de 40 anos de universidade, Gildásio Guedes, também conseguiu compor a lista que será apreciada na eleição do Conselho Universitário (Consun). Após eleição, a lista tríplice segue para as mãos do presidente Jair Bolsonaro.
Gildásio é o responsável pela criação de 24 cursos na UFPI, sendo 9 presenciais e 17 à distância, bem como mentor da implantação e modernização do sistema de informática da UFPI, tanto no Campus Teresina como nos campi do interior.
Mas apesar de ter ficado em primeiro lugar em número de votos, o Consun quer retirar o nome de Gildásio da lista tríplice, isso porque, como já havia sido adiantado por este blog, o reitor José Arimatéia conseguiu aparelhar o Consun com a nomeação de seis alunos que não foram eleitos pela comunidade discente, tendo assim o controle de 34% dos votos naquele conselho. Portanto, um outro nome pode ser indicado pelo conselho, no lugar de Gildásio.
Cabe agora aos professores, servidores e estudantes pressionarem para que o conselho homologue os três mais votados por meio da eleição ocorrida ontem.
PS: Reitero, o MPF e a AGU tem que tomar providências contra essa excrecência que é o modelo de votação na UFPI.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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