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Tempos esquizóides, ou uma visão terapêutica dos tempos de coronavírus


A Esquizoidia é um fenômeno amplamente conhecido por aqueles que estudam a Bioenergética de Wilhelm Reich e Alexander Lowen. Trata-se do tipo de caráter formado quando da vida intrauterina do feto ou logo após o seu nascimento. Ocorre quando o ser ainda em formação sente-se rejeitado por algum evento que venha a lhe acontecer durante esse período. Em resposta à sensação de rejeição, ele(a) reage criando o seu mundo próprio, alienando-se do que está acontecendo e recolhendo-se ao seu mundo imaginário pessoal, como forma de proteção à dor. Essa característica de caráter moldará a personalidade do indivíduo durante toda a sua vida, propiciando tornar-se uma pessoa mais retraída e pronta a afastar-se do mundo exterior, toda vez que sentir-se ameaçado.

Em geral um indivíduo com esse tipo de personalidade seria classificado pelo Eneagrama como o tipo 5, o observador, o analítico, o introvertido, o pensador, aquele que privilegia o centro mental, onde se concentra mais a sua energia.


Em se tratando de concentração de energia no centro mental, a Biossíntese, de David Boadella, nos ensina, que esses tipos são formados, estruturalmente, no útero materno, quando da maior ênfase dos afetos no tecido ectoderma, material celular responsável pela criação, dentre outros, do sistema nervoso.

A atual realidade de isolamento social que vivemos por conta do Coronavirus segue o mesmo iter acima destacado, ou seja, em razão da ocorrência de um trauma (vírus) a população se recolhe em suas casas (mundos internos) para evitar uma dor maior (doença).
No âmbito terapêutico, para os pacientes com traços esquizóides, deve-se enfatizar o tratamento na ressignificação dos eventos traumáticos e incentivar as reconexões sociais, que deverão ser refeitas em outras bases, mais serenas, harmoniosas e saudáveis. Talvez, seja isso o que todos deveríamos fazer no nível micro e macro da nossa sociedade, com as lições aprendidas pela passagem da onda do Coronavirus.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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