Um estudo recente da Confederação Nacional de Municípios (CNM) revelou que seis em cada dez cidades brasileiros enfrentam a falta de vacinas para imunizar crianças, devido a problemas na distribuição do Ministério da Saúde. O levantamento, realizado no início de setembro, ouviu gestores de 2.415 municípios, dos quais 1.563 relataram desabastecimento.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pela compra de vacinas, que são repassadas aos Estados e, posteriormente, aos municípios. Em resposta à situação, o Ministério da Saúde, liderado por Nísia Trindade, reconheceu os problemas de fabricação, logística e demanda dos imunizantes, e anunciou a adoção de medidas para resolver a questão. Entre essas medidas, destaca-se a aquisição de vacinas por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
As vacinas em falta incluem imunizantes essenciais, como a vacina contra a covid-19 (inativada XBB laboratório Moderna), meningocócica C, tetraviral, hepatite A, HPV, febre amarela, tríplice viral e DTP, que combate difteria, tétano e coqueluche. A situação requer atenção urgente para evitar a reemergência de doenças que já haviam sido controladas.
A normalização da distribuição está prevista para o final deste mês para algumas vacinas, como a tríplice viral e a hepatite A. No entanto, para outras, como a vacina meningocócica C e a varicela, a regularização só deve ocorrer em 2025. Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, expressou sua preocupação com o cenário. “Há falta de imunizantes essenciais há mais de 30 dias na maioria das cidades pesquisadas, aumentando o risco de retorno de doenças graves, como a paralisia infantil”, afirmou o presidente.
O estudo destacou Santa Catarina como o Estado com maior carência de vacinas, com 83,7% dos municípios enfrentando problemas. Pernambuco (80,6%) e Paraná (78,7%) também estão entre os mais afetados. A vacina contra a varicela, utilizada no reforço vacinal de crianças aos 4 anos, é a mais escassa, com 1.210 municípios relatando desabastecimento e uma média de espera superior a 90 dias.
Em São Paulo, a gestão municipal comprou 66 mil doses da vacina contra a varicela no início do ano, mas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão colocando as crianças em listas de espera para o reforço, que será aplicado assim que novos lotes chegarem do Ministério da Saúde.
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