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Saúde

Falta remédio em oito a cada dez municípios do País, aponta pesquisa

Cidades relatam ausência de estoque na rede pública principalmente do amoxicilina e dipirona.
Por Estadão Conteúdo

Remédios estão em falta em oito a cada dez municípios do País. Isso é o que mostra um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) feito com 2.469 prefeituras e divulgado nesta sexta-feira, 15. As cidades relatam ausência de estoque na rede pública principalmente do antibiótico amoxicilina, usado contra infecções, e do analgésico dipirona, indicado para tratar dores e febre.

Conforme a CNM, mais de 80,4% dos gestores que responderam à consulta afirmaram sofrer com falta de remédios básicos para atender a população. A entidade sugere que eles indicassem os tipos de medicamentos em falta a partir de uma listagem preestabelecida, o que permitiu entender melhor o cenário. A pesquisa foi aplicada entre os dias 23 de maio a 20 de junho.


A falta de amoxicilina (antibiótico) foi apontada por 68% dos municípios – ou 1.350 cidades, em números absolutos. Já a ausência de dipirona na rede de atendimento municipal ( analgésico e antitérmico) foi citada por 65,6% (1.302 cidades).

Destacam-se também a escassez de dipirona injetável, que é usada para tratar dores e febre e está em falta em 50,6% das cidades, e de prednisolona, indicada para o tratamento de alergias, distúrbios endócrinos, entre outras doenças. Ao todo, 45,3% das cidades relataram não ter estoques deste último medicamento.

Veja lista dos principais remédios em falta nas cidades

Amoxicilina (em falta em 68% das cidades que relataram escassez de algum medicamento);

Dipirona (65,6%);

Dipirona injetável (50,6%);

Prednisilona (45,3%);

Azitromicina (42%);

Ambroxol (39,6%);

Outro (55,6%).

A maioria dos gestores (44,7%) de cidades com falta de medicamentos informou que a situação se estende entre um período de 30 a 90 dias. Ao mesmo tempo, 19,7% relataram que o problema é crônico, uma vez que o desabastecimento se estende por mais de três meses.

“Problemas no fornecimento pelo Ministério da Saúde, movimentos de protesto de funcionários em portos e aeroportos, questões envolvendo a política internacional como dificuldades de importação de insumos, por causa da guerra na Ucrânia e do lockdown na China, são alguns dos motivos mais relatados”, informou a CNM no relatório do levantamento.

“Existe há mais de 90 dias desabastecimento crônico de medicamentos básicos e especializados que está afetando os serviços públicos de saúde, inclusive os básicos, estruturas nas quais a população busca atendimento de questões respiratórias e do pós-covid-19, onde se acolhem as populações com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes”, afirmou.

Ao Estadão, o presidente da Confederação Nacional de Municípios, Paulo Ziulkoski, disse que o levantamento foi feito porque a entidade já suspeitava que havia falta de remédios em grande parte dos municípios. Com a coleta das informações, isso ficou ainda mais claro. "A grande verdade é que há falta. Isso é real e está ocasionando todo esse drama local, e a gente não está vendo solução neste momento."

No relatório, a CNM alertou que cirurgias eletivas e tratamentos estão sendo adiados em algumas cidades devido à falta de medicamentos. Conforme a pesquisa, apenas 12,6% dos municípios com remédios em falta (310, em números absolutos) têm previsão de normalização dos estoques em até 30 dias. Para a maioria (59,2%/1.461) não há previsão de normalização.

"É uma bola de neve extremamente preocupante", disse Ziulkoski. "Como está faltando remédio na base do SUS (Sistema Único de Saúde), o paciente pode ter um derrame, infarto ou consequência até mais grave por não ter tomado o remédio, e aí tem que ser internado."

Diante desse cenário, o presidente da CNM cobra um maior posicionamento do governo federal, o que, segundo ele, poderia aliviar um pouco a pressão nos municípios. "Há muito tempo que a gente vem vendo e mostrando que há uma falta de uma política nacional, de um certo controle de estoque, para justamente evitar que isso ocorra."

Procurada pela reportagem, o Ministério da Saúde não se manifestou até a publicação desta reportagem.

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