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Saúde

Infecções pela variante Ômicron e influenza adiam volta aos escritórios

Opção é deixar funcionários em casa, mas há empresas que decidiram manter a estratégia de volta.

A expectativa de que o início de 2022, depois de dois anos de pandemia, seria o momento de volta mais maciça aos escritórios está sendo posta à prova pelo aumento das infecções por covid-19 e de influenza. Com isso, companhias de vários portes que estavam programando um retorno ao trabalho presencial nas próximas semanas estão revendo seus planos.

A lista inclui empresas de tecnologia, indústrias, passando por segmentos nos quais o home office é quase impossível – como as companhias aéreas – e desembarca no setor público. A Eletrobras, por exemplo, anunciou na quinta o retorno de todos os seus funcionários ao trabalho a distância após uma onda de infecções por covid-19 no time – a estatal, segundo o Ministério de Minas e Energia, tem 36 funcionários que morreram de covid desde 2020.


Estréia adiada

No setor privado, da mesma forma, a tônica tem sido a cautela. A indústria de alumínio Novelis definiu o protocolo de volta ao escritório após campanha que incentivou a vacinação e atingiu 100% dos funcionários. A empresa planejava um retorno escalonado para este mês – em uma nova sede planejada especialmente para isso.

O plano da Novelis vai ser colocado em compasso de espera. A companhia vai esperar a evolução da pandemia até o mês de fevereiro. Só aí vai pensar em uma data para estrear o novo escritório. “Antes, tínhamos a ideia de retornar ao trabalho presencial quando todos estivessem vacinados. Agora, estamos discutindo se a volta será somente após a dose de reforço”, afirma Daniel Forastieri, diretor responsável pelas áreas de segurança e medicina do trabalho da companhia.

Festas de fim de ano

O mês de dezembro, antes de a onda de casos de covid e do vírus H3N2 (influenza) atingir números alarmantes, foi um momento de relaxamento no distanciamento social e de realização de “festas da firma” por diversas companhias, e também de reuniões de família para as celebrações de fim de ano. Muitas empresas viram o resultado claro dessa tendência se refletir em infecções em suas equipes.

A companhia de tecnologia japonesa NEC planejava reabrir seu escritório logo no início de 2022 com 100% da equipe vindo pelo menos algumas vezes na semana. Mas a mudança do quadro da pandemia no País fez a empresa mudar de ideia. “Só voltaremos ao escritório quando houver uma redução sustentada no número de infectados no País”, afirma o diretor de RH para América Latina da NEC, Amilton Aires. “Não vamos expor os nossos colaboradores a esse risco de contaminação.”

Além do Brasil, funcionários de outros seis países onde a companhia opera também tiveram adiada a volta ao escritório físico. A multinacional deve reavaliar sua decisão apenas após o dia 31 de janeiro.

Na agência de publicidade VMLY&R, o adiamento do retorno ao trabalho presencial veio após recomendação da sede, nos EUA. Segundo a diretora de RH da VMLY&R no Brasil, Luana Gonçalves, a agência só vai voltar após a estabilização do quadro de infectados. “Ainda não temos previsão.”

Já a empresa de tecnologia TakeBlip voltaria ao trabalho presencial em fevereiro, por solicitação dos funcionários, após quase dois anos com todos trabalhando de casa. Em uma pesquisa interna, só 10% da equipe disse querer ficar o tempo todo em home office.

De acordo com o presidente da TakeBlip, Roberto Oliveira, porém, a alta do número de infectados fez a companhia deixar a data para retorno em aberto. “Tivemos uma explosão de casos na equipe, mas o lado positivo é que todos os casos estão sendo leves”, diz Oliveira, destacando o fato de 100% do time estar vacinado.

Na startup de educação Redação Online, com 23 funcionários, a volta ao trabalho virou horizonte de longo prazo. Segundo o CEO da startup, Otávio Pinheiro, diante das novas variantes de covid e da influenza, a companhia agora pensa em retomar o trabalho presencial só em 2023. “Para não ficar nesse vai e volta”, explica.

Na contramão

Carlos Eduardo Altona, sócio da consultoria Exec, vê dois movimentos: um de adiamento de retorno e outro de manutenção do trabalho presencial já em curso.

No segundo grupo, se encaixa a Simpress, de serviços para o setor corporativo, que já atua em modelo híbrido há alguns meses. Segundo o presidente Vittorio Danesi, houve reunião nesta semana na qual se decidiu pela manutenção do plano de retorno. “Estamos de olho nos números, mas como todos estão vacinados, os casos são muito leves. Quando a pessoa está infectada, ela fica de quarentena em casa.”

Home office definitivo

Um exemplo de quem desistiu há tempos do trabalho presencial ou do modelo híbrido é a startup de educação TutorMundi. O home office e o nomadismo digital já estavam na essência da empresa, que funcionava desde 2016 em sistema híbrido no Cubo Itaú, centro de startups em São Paulo. Com a pandemia, veio a decisão de seguir de forma remota permanente.

“Não passou pela nossa cabeça voltar para o modelo híbrido. A empresa ficou melhor remotamente. E, com o híbrido, as pessoas do escritório versus as pessoas remotas criavam uma assimetria de informação”, diz o sócio-fundador Raphael Coelho.

Hoje, são em torno de 30 funcionários espalhados em cidades diferentes do Brasil e em países como Estados Unidos, Holanda e Croácia. O próprio Raphael mora no Vale do Silício (EUA) e viu a empresa de reforço escolar crescer 520% em 2020, e 400% em 2021 em relação ao ano anterior. “A gente se espelha, aqui no Silício, em startups que têm mais de mil funcionários e estão totalmente remotas. É possível dar certo.”

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